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Alvo de 'faxina' no governo é preso sob suspeita de desvio

Ex-chefe da estatal Valec teria acumulado patrimônio de R$ 60 milhões

Operação da PF e do Ministério Público confiscou 15 imóveis; defesa diz que dinheiro tem origem legal

DE BRASÍLIA

A Polícia Federal prendeu ontem José Francisco das Neves, ex-presidente da Valec Engenharia, estatal responsável por ferrovias federais e um dos alvos da "faxina" que derrubou ministros do governo no ano passado.

Batizada de Trem Pagador, a operação foi realizada em conjunto com o Ministério Público Federal e teve como foco identificar o patrimônio considerado suspeito de Juquinha -como Neves é conhecido no meio político de Brasília- e de familiares, que chega a R$ 60 milhões.

Foram confiscados 15 imóveis, dentre eles três mansões avaliadas em R$ 10 milhões e uma fazenda avaliada em R$ 8 milhões.

A PF e a Procuradoria dizem suspeitar que o ex-presidente da Valec usou a mulher e os filhos como laranjas para ocultar bens, que por sua vez foram utilizados para supostamente lavar recursos desviados da Valec no período em que ele chefiou a estatal (2003 a 2011). Ele nega.

Atualmente, preside o PR em Goiás.

As investigações tiveram início em agosto de 2011. A Procuradoria decidiu levantar o patrimônio da família para ajuizar uma ação para tentar ressarcir os cofres públicos por conta de uma investigação sobre superfaturamento em trecho da Ferrovia Norte-Sul.

Foi nesse momento que o Ministério Público descobriu que Juquinha e, principalmente, sua mulher e três filhos, tinham em seu nome patrimônio que, além de casas de alto padrão e fazendas, inclui lotes e apartamentos.

Em 1998, quando tentou se eleger deputado federal pelo PMDB, Juquinha declarou patrimônio inferior a R$ 560 mil.

Ontem ele foi preso em sua casa no condomínio Alphaville Flamboyant, em Goiânia, o mesmo onde morava Carlinhos Cachoeira.

Foram presos temporariamente também sua mulher, seu filho e um sócio.

O superfaturamento investigado na Norte-Sul é o do lote 4 (Santa Isabel e Uruaçu, em Goiás), licitado por R$ 216 milhões. De acordo com relatório do TCU (Tribunal de Contas da União) e perícias da Polícia Federal, dois contratos para essa mesma obra tiveram superfaturamento de R$ 3 milhões e sobrepreço de R$ 46,7 milhões -quando os preços estão acima do mercado, mas não necessariamente houve pagamento.

A PF apontou indícios de conluio de empresas, já que as diferentes propostas tiveram variação menor que 1%.

Mesmo com os preços acima do praticado pelo mercado, o lote não foi concluído pela empresa responsável, a SPA Engenharia. Reportagem da Folha em junho mostrou que a construção já está se deteriorando. A previsão de entrega do trecho entre TO e GO passou de julho de 2012 para setembro de 2013.

(FERNANDO MELLO E DIMMI AMORA)

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