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Análise

Importância da campanha na rua não supera a do tempo de TV

SÉRGIO PRAÇA
VITOR SANDES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Em 24 de junho, um partido realizou um evento no centro de São Paulo, para lançar candidatos. Militantes lotaram o local. O evento foi divulgado no site da sigla.

Uma semana depois, no salão nobre da Câmara Municipal de São Paulo, outro partido fez um evento para lançar seus candidatos.

Dois leões de chácara limitavam a entrada e nos barraram. Após sermos reconhecidos por um colega da FGV (Fundação Getúlio Vargas), conseguimos entrar, ouvir os discursos e falar com filiados.

Qual desses partidos é o PT e qual é o PMDB? Errou quem associou "militantes, praça, ruas" ao primeiro. Isto ilustra os diferentes tipos de militâncias na eleição municipal deste ano.

Nesta semana, os candidatos à vereança e à prefeitura começam a organizar passeatas de rua. Para José Serra (PSDB), a importância é ínfima; para Fernando Haddad (PT), é um pouco importante; para os candidatos à Câmara Municipal, é bastante.

PSDB e PT têm em comum o fato de promoverem candidatos que não passaram pelo crivo da militância.

Serra atropelou as prévias tucanas, Haddad (com a ajuda do ex-presidente Lula) esmagou a candidatura de Marta Suplicy. São candidatos pouco carismáticos, mas o nome de Serra já é bastante conhecido e o de Haddad não.

A campanha nas ruas pode ajudar um pouco nesse sentido, apesar de o horário eleitoral na TV e rádio ter um peso muito maior.

A militância desses dois partidos pode ter pesos diferentes na campanha. Segundo dados da Justiça Eleitoral de 1990 a 2012, o PT sempre possuiu mais filiados na capital paulista do que o PSDB.

A taxa de crescimento da filiação aos dois partidos foi similar nos anos 90, mas o PT aumentou bastante seu ritmo a partir de 2002, com a eleição de Lula. Hoje, o PSDB tem cerca de 2,5 vezes menos filiados do que o PT em São Paulo -50 mil contra 120 mil.

O PT tem tido a preocupação em ampliar a mobilização política através das filiações, enquanto o PSDB, não.

Isto provavelmente será bom -mas não crucial- para a candidatura de Haddad.

SÉRGIO PRAÇA é doutor em Ciência Política pela USP. VITOR SANDES é doutorando em Ciência Política pela Unicamp. Eles são pesquisadores da FGV.

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