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Agora cozinheiro, ex-dirigente do PT diz torcer por amigos

Silvio Pereira, que foi excluído do processo após acordo com a Justiça, afirma que hoje anda com 'cabeça erguida'

Ex-secretário-geral do partido prestou serviço comunitário e agora se dedica ao restaurante da família, em Osasco

FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO

Em janeiro de 2008, o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira anunciou que se dedicaria a "pilotar fogão" no restaurante da família em Osasco (SP), logo após fazer um acordo com a Justiça para ser excluído do processo do mensalão.

Hoje, depois de prestar 750 horas de serviços comunitários e se livrar da acusação de formação de quadrilha no caso, ele migrou da política para a culinária. Mas mostra estar conectado ao julgamento que ocorrerá em agosto.

Pereira admite erros da direção do PT no episódio, mas os qualifica como "políticos". A palavra encaixa-se na tese do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, que alega que o dinheiro do esquema era para pagar dívidas de campanha e não para comprar apoio de congressistas.

"Erros políticos nós cometemos, sim. Delúbio é réu e assumiu isso. O erro que competia a mim eu já assumi. Estou quite com a Justiça."

Para o acordo, ele usou um instituto jurídico chamado suspensão condicional do processo, empregado nos casos em que a pena mínima não é superior a um ano de prisão. Realizou trabalhos de estatística em uma subprefeitura de São Paulo para cumprir o trato judicial.

"Mas o fato de a minha situação estar resolvida não me traz alegria. Vários amigos vão ser submetidos ao julgamento. Espero que se faça justiça e que o julgamento seja técnico. Torço para que todos tenham o melhor resultado."

O ex-secretário do PT afirma que o caso ainda o assombra. "Hoje não tenho vergonha, ando de cabeça erguida, mas foi um processo lento."

Também diz ser difícil se desvencilhar do episódio no qual foi acusado de ganhar um carro Land Rover de uma empresa fornecedora da Petrobras. No final da história, acabou devolvendo o carro.

"Aquela história me incomodou muito e provavelmente nunca será superada. Nunca aceitei aquele presente, mas acabou ficando como um presente."

Da política, Pereira diz querer distância. "Estou cuidando da minha vida." Afirma também que se isolou dos amigos do PT. "São meus amigos ainda, mas resolvi me afastar. Hoje, quanto mais longe da política, melhor. Me sinto bem, de verdade, quando estou ao lado do fogão."

GASTRONOMIA

A dedicação à gastronomia não ocorreu só por gosto. "Depois de ter sido pré-julgado pela mídia, eu sabia que a margem para trabalho seria pequena. Então, decidi por algo que já fazia por hobby", diz.

Depois de fazer um curso de um ano na escola de culinária Wilma Kovesi e de ter participado de vários eventos sobre o tema, ele está elaborando o cardápio do restaurante que a irmã está montando ao lado da lanchonete e bar Tia Lela, negócio que divide com o irmão.

O Tia Lela fica ao lado da sede da Prefeitura de Osasco e serve uma coxinha famosa na região. O lugar fica repleto de pessoas com agendas com adesivos de políticos, principalmente do PT. Na entrada, há uma imagem de Nossa Senhora Aparecida e, do outro lado, uma banca de jogo do bicho.

Pereira diz que agora busca harmonizar a cozinha caiçara com a mineira. Uma de suas especialidades é o feijão tropeiro do mar, que combina feijão fradinho com camarão sete barbas, lula e polvo.

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