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Demitido, ex-presidente da Valec continuou agindo na estatal, diz PF

Escutas sugerem que executivo orientava funcionários da estatal para alterar relatórios internos

Segundo a investigação, objetivo era isentá-lo de culpa junto à CGU e ao TCU; desde a semana passada ele está preso

FERNANDO MELLO
DIMMI AMORA
DE BRASÍLIA

Investigação da Polícia Federal na Operação Trem Pagador mostra que, mesmo após ser demitido durante a "faxina" promovida pela presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente da Valec (estatal de ferrovias) José Francisco das Neves, o Juquinha, continuou atuando no órgão.

Ele, familiares e um sócio foram presos na semana passada pela Polícia Federal sob a suspeita de comprar imóveis para lavar dinheiro supostamente desviado da estatal -seu patrimônio chega a R$ 60 milhões.

Segundo a Polícia Federal, Juquinha atuava na Valec mesmo após ter sido demitido para tentar evitar problemas com os órgãos de controle, como o TCU (Tribunal de Contas da União) e a CGU (Controladoria-Geral da União).

Para os policiais, ele usava funcionários e diretores que permaneceram na estatal para fazer mudanças em documentos. Em 20 de outubro de 2011, há uma conversa entre Juquinha e o ex-diretor de engenharia da Valec, Luiz Carlos Machado de Oliveira, em que, para a PF, Oliveira estava preparando papéis com data retroativa para regularizar aditivos a obras.

"Isso [o diálogo] denota que Luiz quer regularizar as pendencias antes de sair da Valec, para que a atual direção não descubra as irregularidades durante a gestão deles", diz a PF.

Luiz Carlos, que não foi alvo da Operação Trem Pagador, foi indicado ao cargo pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB). A decisão de retirá-lo da empresa foi tomada em 20 de outubro, quase dois meses após a saída de Juquinha.

Segundo a PF, há também indícios de pagamento de propina a duas funcionárias para que elas fizessem relatórios técnicos isentando o ex-presidente da Valec de culpa por irregularidades.

Num diálogo do dia 12 de março, Juquinha reclama que uma funcionária havia feito o serviço, mas uma pessoa chamada Cajar não havia "acertado com ela". Seu interlocutor nessa conversa era Mauro Barbosa, ex-chefe de gabinete do Ministério dos Transportes, exonerado durante a "faxina".

A PF identificou Cajar como sendo Cajar Nardes, ex-servidor do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), presidente do PR no Rio Grande do Sul e irmão do ministro Augusto Nardes, do TCU,.

Segundo as investigações, o ex-presidente da Velec também procurou Barbosa para que ele opinasse sobre sua defesa junto aos órgão de controle. Barbosa é servidor de carreira CGU.

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