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Cachoeiragate

'Laranjas' lideram lista de repasses da Delta

Dados da CPI mostram que R$ 134 mi abasteceram dez empresas-fantasmas

Comissão investiga suspeita de que firmas de fachada tenham sido usadas para financiar campanhas políticas

DE BRASÍLIA

Dados bancários da empreiteira Delta mostram que, de 15 empresas que mais receberam pagamentos da construtora nos últimos anos, dez estão em nome de "laranjas" e funcionam só no papel.

Os dados se referem à quebra de sigilo bancário da construtora enviados à CPI do Cachoeira, aos quais a Folha teve acesso.

De R$ 735 milhões repassados nos últimos dez anos pela Delta para mais de 3.200 empresas, R$ 133,8 milhões (18%) foram depositados para as dez supostas fornecedoras, nove criadas nos anos eleitorais de 2008 e de 2010.

O valor refere-se a depósitos com destinatários identificados. Os dados repassados por instituições bancárias à CPI não identificam beneficiários de R$ 1,9 bilhão.

Os parlamentares investigam eventuais usos de empresas de fachada para financiar campanhas eleitorais e pagar propina a políticos.

A Delta é a principal empreiteira do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), maior recebedora de recursos federais desde 2007 e possui contratos com diversos Estados e municípios.

Em junho, após a eclosão do escândalo, foi declarada inidônea pela União. Segundo a Polícia Federal, o empresário Carlos Cachoeira era sócio oculto da empreiteira.

Entre as empresas beneficiadas há quatro operadas pelo esquema de Cachoeira, de acordo com a PF. Juntas, receberam R$ 62,3 milhões.

As contas dessas empresas eram movimentadas pelo contador de Cachoeira, Geovani Pereira da Silva, foragido da Justiça desde fevereiro.

PEDREIRO

Terceira maior beneficiária de recursos da Delta, com R$ 18,4 milhões, a Garra Transportadora declara sede em Viana (ES), mas está registrada em nome de dois moradores do subúrbio do Rio, distante mais de 500 km.

Um dos sócios, Gláucio Barcelos, disse à Folha trabalhar como pedreiro. "É mais ou menos por aí", respondeu, quando perguntado se era sócio da Garra, mas não quis dar mais detalhes.

A segunda mais beneficiada é a MB Serviços de Terraplanagem, de Saquarema (RJ), com R$ 22,4 milhões. Em entrevista à revista "Veja", o sócio majoritário disse que nunca ouviu falar da própria empresa. Outros R$ 30,7 milhões foram para um grupo de quatro empresas de fachada registradas em nome de laranjas, mas que são controladas pelo empresário paulista Adir Assad, cuja convocação já foi aprovada pela CPI. (BRENO COSTA, ANDREZA MATAIS e FILIPE COUTINHO)

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