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cachoeiragate Tribunal de Goiás afasta juiz ligado a grupo de Cachoeira TRT abre processo para investigar denúncias feitas contra desembargador Escutas mostram Brito discutindo andamento de causas trabalhistas; juiz diz que não atuou no julgamento de ações FREDERICO VASCONCELOSDE SÃO PAULO O Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região, com sede em Goiás, afastou de suas funções na quinta-feira o desembargador Júlio César Cardoso de Brito, acusado de envolvimento com o empresário Carlinhos Cachoeira. Escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal e documentos encaminhados ao TRT pela 11ª Vara Federal Criminal de Goiás sugerem que Brito orientava advogados do grupo de Cachoeira a lidar com ações no tribunal em troca de vantagens financeiras. Por unanimidade, os desembargadores do tribunal decidiram abrir processo disciplinar para investigar denúncias apresentadas pelo Ministério Público do Trabalho e pelo Sindicato dos Servidores Federais em Goiás. Na véspera, Brito pediu licença de suas funções no TRT, onde era vice-presidente e chefiava a corregedoria. O processo se baseia em 77 ligações interceptadas pela polícia, em que o desembargador conversa com um dos braços direitos de Cachoeira, Gleyb Ferreira da Cruz, que Brito trata como "irmão". Nas conversas, o desembargador discute situação de empresas com ações trabalhistas no TRT de Goiás, entre elas o laboratório Vitapan, de Cachoeira, a distribuidora de medicamentos JC, de um irmão do empresário, e a Ideal Segurança. Há suspeitas de que uma viagem do desembargador a Buenos Aires foi patrocinada por Gleyb. Numa das conversas gravadas, um operador de Cachoeira discute com Brito a encomenda de um computador que o empresário traria para ele de Miami (EUA). O juiz disse que não atuou no julgamento de ações de interesse das empresas, mas a corte entendeu que ele orientava advogados do grupo trocando mensagens com identificação de processos para acompanhamento no TRT. As escutas mostram que o desembargador se referia a Cachoeira como "cabeça" e "companheiro" e também tinha contato com o delegado da PF Deuselino Valadares dos Santos, afastado por sua ligação com Cachoeira. Preso no fim de fevereiro e alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, Cachoeira é acusado de comandar uma rede de corrupção e tráfico de influência com ramificações em vários Estados. O TRT designou o desembargador Platon Teixeira de Azevedo Filho para assumir as funções de Brito na vice-presidência e na corregedoria enquanto durarem as investigações no tribunal. O envolvimento de Brito com Cachoeira foi investigado inicialmente por uma comissão de sindicância, instaurada em maio, após reportagens publicadas pelos jornais "O Popular", de Goiás, e "Correio Braziliense", de Brasília, revelarem as ligações do desembargador com o grupo. Diante da gravidade das informações recebidas da Justiça Federal, a comissão de sindicância suspendeu o procedimento preliminar e o tribunal decidiu julgar a proposta de abertura de processo administrativo disciplinar, apresentada pelo presidente da corte, desembargador Mário Sérgio Bottazzo. Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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