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PF apura se ex-diretor da Valec simulou venda de gado

Ele declarou R$ 17,5 mi em atividades rurais

DE BRASÍLIA

A Polícia Federal e o Ministério Público Federal investigam se o ex-presidente da Valec José Francisco das Neves, o Juquinha, aumentou seu patrimônio simulando a venda de gado.

Segundo laudo da PF feito a partir de informações da Receita Federal, ao qual a Folha teve acesso, Juquinha e sua mulher, Marivone Ferreira das Neves, declararam à Receita ter recebido R$ 17,5 milhões por atividades rurais, entre 2003 e 2010. Porém, as notas fiscais de venda somaram apenas R$ 5,3 milhões.

De acordo com o documento, a maior parte dos rendimentos do casal entre 2003 e 2010 foi "decorrente da exploração pecuária -criação, recriação, engorda de animais de médio e grande porte, conforme assinalado nas declarações de Imposto de Renda examinadas".

Ou seja, Neves e a mulher podem ter vendido em torno de R$ 12 milhões em "bois fantasmas", um dos indícios levantados pela PF e pelo Ministério Público para apontar lavagem de dinheiro.

O objetivo da investigação agora é saber se houve sonegação de impostos na venda de animais ou se essas negociações foram de fato simuladas. A defesa diz que a origem do dinheiro é legal.

As apurações fazem parte da Operação Trem Pagador, que há duas semanas levou à prisão Neves, sua mulher e outras pessoas. Todos foram soltos na semana passada.

A PF suspeita que o ex-presidente da estatal lavou dinheiro desviado da ferrovia Norte-Sul, fazendo com que o patrimônio de sua família chegasse a R$ 60 milhões.

Em relação aos bois, os peritos destacam que, de 2008 a 2010, por exemplo, apesar da declaração de receita de R$ 8,7 milhões por atividade rural, não houve registro de nenhum animal vendido e foram emitidas notas que somam só R$ 592,5 mil.

Segundo a polícia, as "inconsistências" não foram esclarecidas pela falta de análise do livro-caixa da atividade rural e do talonário de notas fiscais da venda de gado.

"Sobre a situação patrimonial de Marivone e José Francisco, foram constatadas impropriedades nas declarações de bens, com valores a menor ou mesmo omissões, evidenciando que o patrimônio real desses investigados é maior que o declarado", afirma o laudo da polícia. (FERNANDO MELLO)

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