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Papéis mostram que filho de Maluf geriu contas em Jersey

Cartas assinadas por Flávio Maluf dão instruções para bancos em paraíso fiscal

Documentos foram obtidos em investigação sobre recursos que Prefeitura de São Paulo associa a corrupção

FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO
RODRIGO RUSSO
DE LONDRES

Documentos obtidos pelas autoridades brasileiras mostram que um filho do deputado Paulo Maluf (PP-SP) movimentou pessoalmente recursos que teriam sido transferidos ilegalmente para a ilha de Jersey, um paraíso fiscal britânico, em sua gestão como prefeito de São Paulo.

Os documentos foram obtidos entre 2004 e 2007, durante as investigações conduzidas em Jersey, e incluem cartas em que o empresário Flávio Maluf dá instruções para a movimentação de contas associadas ao seu pai.

A Folha obteve cópias desses papéis e comparou-as com documentos da Eucatex, empresa controlada pela família Maluf no Brasil. As assinaturas de Flávio nas cartas encontradas em Jersey são idênticas às que aparecem nos registros da Eucatex.

A Prefeitura de São Paulo move uma ação na Justiça de Jersey contra as empresas que controlam esse dinheiro e pede a repatriação de US$ 22 milhões dos US$ 175 milhões que a família Maluf teria depositado na ilha. As mensagens assinadas por Flávio fazem parte da causa.

Maluf e seus advogados negam ter relação com as empresas, mas os documentos do processo fazem várias referências a ele e seu filho Flávio, que é mencionado como diretor das empresas.

Segundo a prefeitura e o Ministério Público de São Paulo, o dinheiro depositado em Jersey foi desviado dos cofres públicos durante a construção da avenida Jornalista Roberto Marinho, uma das principais obras da administração Maluf (1993-1996).

Os documentos examinados pela Folha que têm a assinatura de Flávio incluem cartas da Durant, a empresa que controla as contas associadas a Maluf, e da Sun Diamond, que controla a Durant.

A carta da Durant tem data de 25 de novembro de 1998 e é endereçada ao banco Citibank. Flávio determina o fechamento de uma conta no Citibank e a transferência do saldo para os bancos UBS e Deutsche Bank.

Na carta com o cabeçalho da Sun Diamond, de 13 de maio de 1997, o filho de Maluf solicita uma transferência entre duas contas abertas no banco Deustche Morgan Grenfell.

A Folha enviou cópias dos documentos ao advogado José Roberto Batochio, que representa Flávio no Brasil. Ele não quis discutir seu conteúdo, limitando-se a dizer que "desconhece" as mensagens.

Os advogados da Durant em Jersey citaram Flávio como diretor da empresa e da Sun Diamond no processo, mas Batochio diz que ele "não tem nada a ver" com as empresas da ilha.

De acordo com o advogado, as afirmações feitas pelas companhias sediadas em Jersey são "meras alegações de terceiros", que não resultam em responsabilidade para o filho de Maluf.

Na sexta-feira, foram encerradas em Jersey as audiências em que os advogados da prefeitura e das empresas associadas a Maluf expuseram seus argumentos. A sentença deve sair em até três meses e caberá recurso.

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