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Cachoeira diz que virou 'leproso' e prefere ficar calado Empresário evita responder às perguntas do juiz e promete à mulher que vai se casar assim que for libertado
Apesar de dizer que tinha muito interesse em falar sobre as suas atividades, o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, ficou calado ontem durante a maior parte de seu interrogatório na Justiça Federal. Cachoeira, cujo depoimento faz parte das audiências da ação penal que ele e seu grupo respondem, usou o direito constitucional de ficar calado após ouvir as perguntas do juiz Alderico Santos, responsável pelo processo. Ao final, o pivô do escândalo que levou à criação de uma CPI e à cassação do senador Demóstenes Torres disse: "Estou sofrendo demais porque eu virei um leproso jurídico". Segundo ele, "um dia tudo vai ser esclarecido e vão saber quem eu sou". Ele fez ainda uma declaração pública de amor à mulher, Andressa Mendonça. Questionado pelo juiz se era casado, respondeu que era uma pergunta difícil pois não é casado oficialmente: "Só o Ministério Público me liberar. No primeiro dia, tá?", disse, olhando para Andressa. Logo no começo do interrogatório, ele também se dirigiu à sua mulher: "O sofrimento é muito grande. Ela me deu uma nova vida. Eu te amo, tá?" Andressa respondeu: "Também te amo". Questionado sobre o endereço onde mora, também disse não saber, argumentando que estava de mudança quando foi preso -e, novamente, olhou para a mulher. No fim, passou o endereço da casa onde foi preso, que pertenceu ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Outros réus também ficaram calados ou responderam a poucas perguntas do juiz. Gleyb Ferreira da Cruz evitou responder as perguntas, mas, chorando a todo momento, pediu para desabafar. "Eu aprendi que não há Justiça dentro da Justiça", afirmou -observado pela mulher, que também chorava. O ex-vereador Wladimir Garcez disse ser amigo de Cachoeira e declarou ter trabalhado para a Delta Construções entre 2011 e 2012, período da investigação, fazendo "relações comerciais e institucional". Segundo ele, foi contratado como pessoa jurídica pelo ex-diretor regional da empresa Claudio Abreu. Garcez questionou ainda as escutas, afirmando que um outro Wladimir utilizava um rádio habilitado no exterior. Segundo ele, o rádio apreendido na sua casa era nacional. "Comprei em Goiânia." Lenine Araújo negou "veementemente todas essas provas colhidas" contra ele. Idalberto Matias, o Dadá, José Olímpio Queiroga e Washington Queiroga, outros apontados como sendo do grupo, ficaram calados. Ontem, o juiz deu três dias para a defesa pedir novas diligências, que podem ser aceitas ou não por ele. Após isso, defesa e acusação terão cinco dias para prepararem suas alegações finais. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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