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Cachoeira diz que virou 'leproso' e prefere ficar calado

Empresário evita responder às perguntas do juiz e promete à mulher que vai se casar assim que for libertado

Sérgio Lima/Folhapress
Servidores do Judiciário protestam diante do local onde são colhidos os depoimentos das testemunhas do caso Cachoeira
Servidores do Judiciário protestam diante do local onde são colhidos os depoimentos das testemunhas do caso Cachoeira

DO ENVIADO A GOIÂNIA

Apesar de dizer que tinha muito interesse em falar sobre as suas atividades, o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, ficou calado ontem durante a maior parte de seu interrogatório na Justiça Federal.

Cachoeira, cujo depoimento faz parte das audiências da ação penal que ele e seu grupo respondem, usou o direito constitucional de ficar calado após ouvir as perguntas do juiz Alderico Santos, responsável pelo processo.

Ao final, o pivô do escândalo que levou à criação de uma CPI e à cassação do senador Demóstenes Torres disse: "Estou sofrendo demais porque eu virei um leproso jurídico". Segundo ele, "um dia tudo vai ser esclarecido e vão saber quem eu sou".

Ele fez ainda uma declaração pública de amor à mulher, Andressa Mendonça. Questionado pelo juiz se era casado, respondeu que era uma pergunta difícil pois não é casado oficialmente: "Só o Ministério Público me liberar. No primeiro dia, tá?", disse, olhando para Andressa.

Logo no começo do interrogatório, ele também se dirigiu à sua mulher: "O sofrimento é muito grande. Ela me deu uma nova vida. Eu te amo, tá?" Andressa respondeu: "Também te amo".

Questionado sobre o endereço onde mora, também disse não saber, argumentando que estava de mudança quando foi preso -e, novamente, olhou para a mulher. No fim, passou o endereço da casa onde foi preso, que pertenceu ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).

Outros réus também ficaram calados ou responderam a poucas perguntas do juiz. Gleyb Ferreira da Cruz evitou responder as perguntas, mas, chorando a todo momento, pediu para desabafar. "Eu aprendi que não há Justiça dentro da Justiça", afirmou -observado pela mulher, que também chorava.

O ex-vereador Wladimir Garcez disse ser amigo de Cachoeira e declarou ter trabalhado para a Delta Construções entre 2011 e 2012, período da investigação, fazendo "relações comerciais e institucional". Segundo ele, foi contratado como pessoa jurídica pelo ex-diretor regional da empresa Claudio Abreu.

Garcez questionou ainda as escutas, afirmando que um outro Wladimir utilizava um rádio habilitado no exterior. Segundo ele, o rádio apreendido na sua casa era nacional. "Comprei em Goiânia."

Lenine Araújo negou "veementemente todas essas provas colhidas" contra ele. Idalberto Matias, o Dadá, José Olímpio Queiroga e Washington Queiroga, outros apontados como sendo do grupo, ficaram calados.

Ontem, o juiz deu três dias para a defesa pedir novas diligências, que podem ser aceitas ou não por ele. Após isso, defesa e acusação terão cinco dias para prepararem suas alegações finais.

(FERNANDO MELLO)

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