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Análise

Brasileiro pode desaprovar absolvição, mas não ficará surpreso

FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA

O grande ponto de interrogação a respeito do julgamento do mensalão diz respeito aos impactos políticos que serão provocados, seja com condenação ou absolvição da maioria dos 38 réus.

Em que medida os eleitores de cerca de 5.600 cidades se deixarão influenciar ao votar em 7 de outubro? E o que farão o PT e demais partidos governistas envolvidos no caso? E a oposição? A imagem do Supremo Tribunal Federal sofrerá algum abalo?

Em meio a essas dúvidas há uma certeza: o PT sofrerá o maior impacto. Não importam as sentenças. Se a maioria dos caciques do partido acabar condenada, uma geração de petistas entrará em fase crepuscular definitiva.

É o caso de José Dirceu. Uma eventual condenação fará evanescer ainda mais sua influência já declinante desde quando foi cassado.

O mesmo vale para outros petistas que seguem com alguma importância no establishment do PT, como José Genoino e João Paulo Cunha.

A condenação das estrelas manterá o partido no processo de "soft landing" -para desembarcar vários dirigentes históricos. Mas um cenário oposto também é possível.

No caso de absolvição de Dirceu, Genoino e João Paulo, o grupo da trinca voltaria a atuar com força no comando do partido. Por algum momento seria descartada a renovação de quadros ou uma mudança geracional.

Nas eleições municipais, exceto em capitais e algumas cidades grandes, o mais provável é que o impacto do julgamento seja limitado.

Partidos sentados no banco dos réus junto com o PT, como PP, PTB e PR, não construíram suas reputações no campo da ética e bons costumes.

A oposição tentará faturar. Mas, em 2006, com deputados cassados, o PT desmoralizado e Lula acuado, o PSDB e o DEM foram quase dizimados no processo eleitoral.

Por fim, resta o STF. A imagem da instituição sairá arranhada se alguns réus ilustres forem absolvidos.

Não haverá novidade. Em fevereiro deste ano, a FGV divulgou um estudo mostrando que 55% dos brasileiros questionam a competência do Judiciário e 89% consideram moroso o trabalho de juízes. Assim, muitos poderão desaprovar a absolvição de mensaleiros, mas poucos ficarão surpresos.

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