Índice geral Poder
Poder
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Eleições 2012

Na campanha, Russomanno liga máquina de promessas

Candidato já recebeu lojistas, idosos, engenheiros, feirantes e operários

Nas ruas, ex-deputado não deixa pedido sem resposta e adota tática de dizer sempre aquilo que o eleitor quer ouvir

Danilo Verpa/Folhapress
Observado por Campos Machado (PTB), Russomanno visita festa da Associação Brasileira dos Clubes da Melhor Idade
Observado por Campos Machado (PTB), Russomanno visita festa da Associação Brasileira dos Clubes da Melhor Idade

RODRIGO VIZEU
DE SÃO PAULO

Ao receber o candidato a prefeito Celso Russomanno (PRB) na terça-feira, o empresário Antonio Cimino, dono de um jornal de bairro da zona leste, reclamou que só ganha "migalhas" em anúncios da Prefeitura de São Paulo.

No ato, o candidato respondeu: "Informes publicitários da prefeitura sairão em jornais de bairro".

O que levou o empresário a comemorar. "Se você faz parceria conosco, é notícia sua toda eleição."

No dia seguinte, o candidato deixou reunião com uma associação de shoppings dizendo que, se muitos são irregulares, é culpa da prefeitura. Se houve corrupção, "não são os empreendedores que têm que pagar".

Ao longo da semana que passou, essa foi a rotina de Russomanno: prometeu o que fosse pedido em encontros com engenheiros, feirantes, operários e idosos.

No caminho para uma reunião com taxistas, o presidente estadual do PRB, Vinicius Carvalho, aconselha: "Acho melhor não falar sobre aquele assunto, você sabe...".

Dizer o que o eleitor quer ouvir ajuda na imagem popular de Russomanno, que a despeito do descrédito de adversários se sustenta em empate técnico com José Serra (PSDB) na liderança da disputa -26% das intenções de voto contra 30% do tucano.

Suas intenções de voto são maiores em regiões pobres. A campanha vê como desafio dele, que ganhou fama apresentando programas populares na TV, conquistar a elite.

O ex-deputado Conte Lopes (PTB), candidato a vereador que está sempre com Russomanno, avalia ainda que ele deve atrair o eleitor malufista, embora Paulo Maluf tenha fechado com o PT.

"Tem um eleitorado forte que quer segurança, tranquilidade e viver na lei que não vota em PSDB e PT", diz.

A segurança habita as promessas do candidato, que quer dar força à Guarda Municipal. O tema foi um dos focos de seus quatro mandatos na Câmara dos Deputados.

UNIVERSAL

Russomanno tem perfil personalista, sem laços duradouros com os principais grupos políticos. Passou por PFL, PSDB e PP, de onde saiu após briga de espaço com Maluf.

Agora no nanico PRB, divide decisões com os dirigentes da sigla, ligados à Igreja Universal e à Rede Record, emissora em que o candidato apresentava quadro sobre direitos do consumidor.

A ligação com a igreja é uma das coisas que Russomanno rechaça em uma campanha marcada por negações. Ele nega que que tenha crescido graças à exposição na Record, nega que vá cair com o início da propaganda de TV e, mais recentemente, nega pacto de não agressão com Serra para isolar o PT.

As negativas vêm mesmo sem provocação. A uma plateia na quinta, o aliado Campos Machado (PTB) lembrou, em discurso, que Russomanno é católico.

"Começam a dizer que ele é candidato de uma respeitabilíssima igreja, como se isso fosse pecado."

A relação com a Universal fica clara, por exemplo, pela campanha na rua ser animada pela Força Jovem, grupo da igreja. Em um deles, um líder grita: "Reúne aqui, Força Jovem! Digo, PRB Jovem!". Um adolescente pergunta: "O que é PRB?".

Se o presente pede atenção, o passado, também. No encontro na zona leste, o empresário Cimino promete uma coletânea de reportagens sobre quando Russomanno, 56, apresentava o programa "Circuito Night and Day", no qual entrevistava modelos e mergulhava na noite da São Paulo dos anos 80.

Russomanno pede: "Calma, só vou te pedir para esperar terminar a campanha".

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.