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Aumento na lista oficial de mortos gera controvérsias

Polêmica é comprovar relação direta da ditadura com outras 600 mortes

A proposta, feita por um assessor do governo, segue para as comissões da Verdade e de Mortos e Desaparecidos Políticos

LUCAS FERRAZ
DE BRASÍLIA

O estudo do governo que propõe quase triplicar a lista de mortos e desaparecidos pela ditadura militar (1964-85), revelado ontem pela Folha, provocou reações díspares entre militares, ex-militantes e historiadores.

A principal polêmica é sobre a comprovação de que os 600 novos nomes de fato morreram por influência da repressão. Só assim eles poderão ser incluídos entre as 357 vítimas da ditadura reconhecidas oficialmente (familiares de vítimas contam 426).

O estudo, de um assessor da Secretaria de Direitos Humanos, seguirá para a Comissão da Verdade e para a Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, responsáveis por referendá-lo.

Os 600 listados são camponeses, sindicalistas, líderes rurais e religiosos, padres, advogados e ambientalistas assassinados de 1961 a 1988.

Para Marlon Weichert, procurador atuante na área dos direitos humanos e responsável por processar militares envolvidos em crimes no período, o "número oficial de mortos não é representativo".

"Muitas pessoas foram vítimas de um modelo autoritário sem estar diretamente ligadas às questões políticas ou ideológicas", diz, referindo-se às mortes de indígenas, fora do levantamento.

A historiadora Janaína Teles afirma que a inclusão do nome de parte desses mortos relacionados no estudo é uma reivindicação antiga dos grupos de direitos humanos. Mas ela ressalta: "É preciso ficar bem claro se as mortes foram de autoria de latifundiários, por exemplo, ou de agentes do Estado".

Para militares que falaram sob a condição de anonimato, trata-se de mais uma tentativa da esquerda de incluir mais mortes na conta da repressão, não importando se de fato há provas.

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