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Mensalão - o julgamento

Advogado de Valério nega uso de dinheiro público no mensalão

Marcelo Leonardo diz que perícias provaram regularidade dos empréstimos feitos pelo Rural e BMG ao empresário

Advogado é o primeiro a pedir que o tribunal leve em conta os bons antecedentes do réu em caso de condenação

DE BRASÍLIA

A defesa de Marcos Valério negou o uso de dinheiro público nas operações do mensalão e alegou que os recursos transferidos pelo publicitário foram obtidos em empréstimos bancários lícitos.

Marcelo Leonardo, advogado do empresário, pediu em sua sustentação oral no Supremo Tribunal Federal que uma eventual aplicação de pena contra Valério leve em consideração os bons antecedentes do réu.

O requerimento foi o primeiro de um defensor que admitiu a possibilidade de condenação pelo STF. Segundo Leonardo, Valério "não é troféu ou personagem a ser sacrificado em altar midiático" e "foi vítima de implacável publicidade opressiva e julgado e condenado pela mídia sem defesa".

A defesa atacou a acusação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, de que o dinheiro que circulou pelo "valerioduto" era público e pertencia ao Banco do Brasil.

Ele citou depoimentos de funcionários da instituição bancária para tentar provar que os R$ 73 milhões repassados à agência de Marcos Valério por causa de um contrato de publicidade com o banco teve origem privada e saiu do fundo Visanet.

O fundo foi criado para promover a divulgação de cartões de crédito com a bandeira Visa e o Banco do Brasil tinha participação de cerca de 30% nos recursos do fundo à época dos fatos investigados no mensalão.

A defesa citou perícias dos autos do processo que indicam que, do ponto de vista formal, são regulares os empréstimos feitos pelos bancos Rural e BMG a Valério.

Para a acusação, apesar de formalmente legais, os empréstimos eram fictícios e não seriam pagos se o caso do mensalão não viesse à tona.

A defesa também citou perícia dos autos para alegar que não houve fraude em um contrato da Câmara dos Deputados no qual a agência de Valério teria sido favorecida pelo deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP), ex-presidente da Casa.

De acordo com o defensor, o laudo mostra que os serviços previstos no contrato foram efetivamente prestados.

Leonardo afirmou no fim de sua fala que Marcos Valério cortou os cabelos em solidariedade a um filho dele que sofria de câncer e foi ridicularizado por usar o corte com os cabelos raspados.

O último advogado a fazer sustentação oral ontem foi o do réu Ramon Hollerbach, ex-sócio de Valério.

O defensor dele, Hermes Guerrero, afirmou que Hollerbach não participou de nenhum dos atos considerados ilícitos pela acusação e só foi incluído no processo por ser sócio de Marcos Valério.

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