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Eleições 2012

Promessas de rivais na área de transporte são criticadas

Haddad propõe Bilhete Único mensal e José Serra, expansão de monotrilho

Experts em mobilidade dizem que a ideia de petista estimularia grandes deslocamentos e a de tucano é cara

Joel Silva/ Folhapress
O candidato tucano José Serra visita obra da estação Oratório do monotrilho, na zona leste
O candidato tucano José Serra visita obra da estação Oratório do monotrilho, na zona leste

DE SÃO PAULO

Os candidatos a prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) e José Serra (PSDB) fizeram ontem promessas para a área dos transportes consideradas controversas por engenheiros ouvidos pela Folha.

O petista prometeu criar um Bilhete Único mensal, com tarifa fixa de até R$ 150 e sem restrição de horário.

Ele afirmou que a proposta custaria mais R$ 400 milhões anuais em subsídios às empresas de ônibus -um aumento de 50% em relação ao que a prefeitura prevê repassar às companhias em 2012. O impacto da medida seria de cerca de 1% do Orçamento.

O custo para o município é um dos principais problemas apontados por especialistas.

Para Cláudio Barbieri da Cunha, professor de planejamento e operação de transportes da Escola Politécnica da USP, o investimento não deveria ser uma prioridade. "Pelo contrário. Parece mais prioritário investir esses recursos em corredores de ônibus, por exemplo", afirma.

"É uma política tarifária que cria uma facilidade, mas não altera a mobilidade", diz Sérgio Ejzenberg, mestre em engenharia de transportes.

Segundo Cunha, a medida vai ainda na contramão da ideia de descentralizar a cidade. Em outros locais que adotaram o sistema, o valor da taxa mensal é maior para quem mora mais distante do centro. "Em São Paulo, a variação de tarifa seria um contrassenso. Mas o modelo sem ela pode estimular as pessoas a morar cada vez mais longe dos empregos", diz.

Hoje o Bilhete Único, vitrine da gestão petista de Marta Suplicy (2001-2004), permite até quatro viagens num período de três horas. A tarifa básica está fixada em R$ 3. Segundo o candidato, a ampliação permitiria mais viagens para lazer e cultura.

Em visita ontem às obras da estação Oratório do monotrilho em construção na zona leste, Serra prometeu destinar verbas municipais para novos trechos: Morumbi-Congonhas e Jardim Ângela.

O tucano defende a ampliação do modelo, que já apoiou quando era governador. Diz que o monotrilho custa menos que o metrô e fica pronto mais rápido.

O consultor Ejzenberg discorda. "Como a capacidade do monotrilho também é menor, o custo por passageiro é mais caro que o do metrô."

Nos cálculos dele, o metrô transporta quatro vezes mais passageiros que o monotrilho. Quando lançou o projeto, o Estado prometeu duplicar a capacidade do modelo.

O consultor alerta também para dois outros problemas: o impacto visual e urbanístico dos elevados e a possibilidade de degradação da área.

No primeiro debate na TV, na semana passada, Serra fez dobradinha com o candidato Levy Fidelix (PRTB) na defesa do modelo do monotrilho.

(PAULO GAMA, BERNARDO MELLO FRANCO E DANIELA LIMA)

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