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Defesa de Dirceu lista omissões de procurador

DE BRASÍLIA

O advogado do ex-ministro José Dirceu, José Luís Oliveira Lima, rebateu ontem no STF (Supremo Tribunal Federal) as acusações contra seu cliente que constam no memorial do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, último documento apresentado aos ministros com um resumo das acusações.

Foi nesse memorial que o procurador-geral se referiu ao mensalão como "o mais atrevido e escandaloso esquema de corrupção" do país. O memorial é um resumo das acusações do processo.

No documento protocolado ontem no Supremo, o advogado Oliveira Lima apontou 49 "omissões", incluindo trechos de depoimentos de integrantes do primeiro escalão do governo Dilma.

A presidente Dilma Rousseff é mencionada seis vezes pelo advogado, assim como quatro ministros do governo dela. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é citado dez vezes; o vice-presidente Michel Temer, quatro.

Ao apresentar Dilma como peça de defesa, o advogado tenta afastar rumores de que ela torce pela condenação de José Dirceu para conquistar amplo domínio no PT.

Uma das omissões pontuadas pela defesa do ex-ministro está no depoimento de Emerson Palmieri, ex-assessor do PTB e um dos 38 réus do julgamento.

À CPI Palmieri disse que viu o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares telefonando para José Dirceu depois de negociar "ajuda de R$ 20 milhões" ao partido. "A PGR omite o interrogatório judicial em que ele não confirma as supostas ligações telefônicas para José Dirceu."

A defesa de Dirceu exaltou ainda uma avaliação do atual presidente do Supremo, Ayres Britto, de que não se poderia atribuir exclusivamente ao chefe da Casa Civil o poder conferido ao cargo.

DEPOIMENTOS À CPI

Outra estratégia foi desqualificar depoimentos à CPI, na chamada fase pré-processual, sem que fossem formalmente reproduzidos à Justiça, fórum no qual há a obrigação de se falar a verdade.

"A PGR [Procuradoria-Geral da República] não apresenta um único testemunho judicializado para sustentar o pedido de condenação."

"Ao citar a descompromissada fala dos acusados [à CPI], que não têm obrigação de falar a verdade, a PGR ignorou sumariamente toda a farta prova testemunhal, construída sob o crivo do contraditório, que rebate e infirma todos os trechos dos interrogatórios citados no memorial", acrescenta Lima.

(CATIA SEABRA e FILIPE COUTINHO)

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