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Eleições 2012

Bispo encoraja católicos para vida política

Com amigos em todos os partidos, responsável pela Diocese de Santo Amaro estimula lançamento de candidatos em SP

Dom Fernando abre a Cúria para centro de formação de políticos para evitar que grupos rivais ocupem espaço

Karime Xavier/Folhapress
Mineiro de Muzambinho, dom Fernando Figueiredo procura incentivar que fiéis descubram vocação para a vida pública
Mineiro de Muzambinho, dom Fernando Figueiredo procura incentivar que fiéis descubram vocação para a vida pública

DIÓGENES CAMPANHA
DE SÃO PAULO

Nas paredes de seu gabinete na Cúria Diocesana de Santo Amaro, na zona sul de São Paulo, dom Fernando Figueiredo aparece em várias fotos participando de celebrações ao lado do papa João Paulo 2º (1920-2005), em Roma.

Se quisesse exibir também suas imagens ao lado de políticos, especialmente as captadas durante campanhas eleitorais, provavelmente faltaria espaço na sala.

O bispo de Santo Amaro é procurado por candidatos de diversos partidos. Além de estimular a aproximação, ele também incentiva que fiéis de sua diocese descubram-se vocacionados para a vida pública e se lancem às urnas.

Neste ano, os candidatos a prefeito José Serra (PSDB), Fernando Haddad (PT) e Gabriel Chalita (PMDB) já se encontraram com Figueiredo em reuniões nas quais apresentaram suas propostas aos padres da região.

Eles também foram ao Santuário Mãe de Deus, que abriga as missas do mais famoso dos 160 sacerdotes da diocese: Marcelo Rossi. Vereadores com base eleitoral na zona sul também são presença constante ao lado do bispo.

"Recebo todos eles. Não excluo quem quer que seja, porque o bispo é bispo de todos", diz Figueiredo, que evita declarar voto.

Ele é próximo de Chalita, que o indicou para uma vaga na Academia Paulista de Letras e usou a foto do bispo em santinhos de sua campanha para vereador, em 2008, mas afirma ter também "amizade imensa" com Serra.

"Se me perguntar de qual partido ele gosta mais, eu não sei, porque ele recebe todo mundo igual", diz o vereador petista Arselino Tatto, que Figueiredo conta conhecer "desde jovem".

"O irmão mais velho dele, Toninho Tatto, foi meu braço direito quando eu cheguei aqui na diocese", relata o bispo, mineiro da cidade de Muzambinho (410 km de Belo Horizonte) que foi nomeado para Santo Amaro em 1989.

Ele afirma que Toninho integrava um movimento de evangelização e o ajudou a organizar a Cúria. Também o levou para a televisão, onde apresentaram programas no canal católico Rede Vida.

A região de Capela do Socorro, reduto político da família Tatto, pertence à Diocese de Santo Amaro.

Outros políticos citados pelo bispo como "pessoas muito amigas" são os vereadores Antonio Goulart (PSD) e Gilberto Natalini (PV), o candidato a vereador Zé Turin (PSDB) e o deputado estadual Jorge Caruso (PMDB).

Segundo Goulart, o bispo pede que os parlamentares consigam recursos para a região. Em 2008, Figueiredo e o padre Marcelo dividiram palanque com Serra, o prefeito Gilberto Kassab (PSD) e o vereador na inauguração de uma obra viária.

VOCAÇÃO POLÍTICA

Com o lema de que "espaços vazios devem ser ocupados, senão serão ocupados por outros", Figueiredo, 72, abriu a Cúria para encontros de formação política para leigos da diocese, "dentro da doutrina social da igreja".

Durante o ano passado e no início de 2012, foram feitas reuniões com padres e professores ligados ao Ministério de Fé e Política da RCC (Renovação Carismática Católica), para despertar vocações em futuros candidatos.

Um deles, José Maria Brandão, 37, disputará a primeira eleição em busca de uma vaga na Câmara pelo PPS.

"O conselho diocesano pensou em alguns nomes e chegou ao meu", diz Brandão, que é coordenador do Ministério de Pregação da RCC em Santo Amaro.

"Não temos um partido determinado, jamais", diz Figueiredo, sobre os candidatos lançados por uma espécie de centro de formação de políticos católicos, que, afirma, teria representantes em "15 a 20" legendas.

Ele defende que os padres sejam livres para apoiar candidatos a prefeito e vereador, mas recomenda que abram espaço a todos os políticos que quiserem falar nas paróquias. "Apresentamos critérios cristãos, mas determinar quem seria o candidato é violentar a liberdade do outro."

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