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Peluso vota hoje pela última vez no STF

Ex-presidente do Supremo deve se limitar a julgar os réus já citados, mas pode apresentar sua análise sobre o mensalão

Ministros dizem que não há clima para a antecipação integral do voto de Peluso, pois isso provocaria reação dura

DE BRASÍLIA

O ministro Cezar Peluso, 69, proferirá hoje seu último voto no plenário do STF (Supremo Tribunal Federal), devendo limitar sua análise aos réus até agora julgados.

Colegas e assessores, porém, esperam que ele apresente premissas gerais e teóricas sobre o que julga ter sido o esquema do mensalão.

Sem analisar a conduta específica dos demais acusados, ele poderia fazer uma introdução doutrinária sobre os crimes contra a administração pública, corrupção e lavagem de dinheiro, deixando implícito o seu posicionamento sobre o caso.

Ontem, porém, Peluso manteve o suspense. "Amanhã vocês verão. Não estraguem a surpresa", brincou com jornalistas ao chegar.

Ministros ouvidos pela Folha disseram que não há clima no Supremo para a antecipação integral do voto de Peluso e que o adiantamento do voto geraria reação muito dura, principalmente do revisor Ricardo Lewandowski e de Marco Aurélio Mello.

A polêmica existe porque Peluso terá de deixar o STF e o julgamento do mensalão por completar 70 anos na próxima segunda-feira, dia 3 de setembro, quando se aposentará compulsoriamente.

Ao participar de sua última reunião na segunda turma do Supremo, recebeu a homenagem dos colegas.

Gilmar Mendes chegou a criticar o sistema de aposentadoria dos ministros: "Nós, neste momento, certamente com uma ponta de tristeza, deploramos esse instituto da aposentadoria compulsória, que faz com que alguém com plena vitalidade, com essa agilidade mental que ele revela em todos os embates, tenha que nos deixar por imposição constitucional e legal".

CORRUPÇÃO

Ontem, ministros comentaram o que já foi julgado. A ministra Cármen Lúcia disse que "o que coloca em risco as instituições é a corrupção".

"A vida é como uma estrada. Não adianta você dizer que foi na reta certinho, por mil quilômetros, e depois entra na contramão e pega alguém. Você tem que ser reto pela sua vida inteira", disse.

Já o ministro Marco Aurélio disse, também ontem, que existe no Brasil uma "maior noção de cidadania": "Os brasileiros estão avançando culturalmente. Eu espero que eles avancem agora nas eleições e escolham representantes que sejam dignos".

Já Ricardo Lewandowski, que até o momento discordou do relator do caso, Joaquim Barbosa, em relação às denúncias contra o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), limitou-se a dizer as divergências acontecem pois "cada cabeça é uma sentença" e que apensar de não serem "usuais" as intervenções feitas pelo colega, elas são legítimas.

(FELIPE SELIGMAN, FLÁVIO FERREIRA e MÁRCIO FALCÃO)

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