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Ministros do Supremo voltam a bater boca

DE BRASÍLIA

A trégua entre o relator e o revisor do processo do mensalão no STF, ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski, foi desfeita ontem com um novo desentendimento.

Lewandowski chegou a dizer que o julgamento não é um "dos mais ortodoxos" e ouviu de Barbosa que deveria parar com "intrigas".

No início da sessão, Lewandowski adiantou que discordaria do voto do Barbosa pela condenação de Geiza Dias, ex-funcionária da agência SMPB.

O revisor citou entrevista concedida à Folha em agosto pelo delegado responsável pelo inquérito do mensalão, Luís Flávio Zampronha, que, após manter silêncio sobre o caso por anos, afirmou que a ex-funcionária de Marcos Valério não deveria estar entre os réus.

Joaquim interrompeu o colega para dizer que as coisas no Brasil são "bizarras" a ponto de um delegado que já não atua mais no caso dar declarações na véspera do julgamento.

Gilmar Mendes entrou no debate para dizer que aquela era uma "discussão um tanto heterodoxa". Falamos tanto em julgamento com base em prova dos autos, nos valemos agora de entrevistas?", ironizou.

Lewandowski, deixando Barbosa contrariado, se referiu ao julgamento do mensalão como não sendo um dos mais ortodoxos já julgados pelo Supremo. Segundo seu gabinete, ele se referia ao número de réus, de páginas e de sessões.

O relator e o revisor já participaram de acalorados bate-bocas ao longo deste julgamento. Ontem, a discussão voltou a se acentuar quando Lewandowski citou a importância de pesar o que diz a acusação e a defesa.

Barbosa interrompeu: "Vossa Excelência está por acaso insinuando que eu não fiz isso? Vossa Excelência, nos últimos dias, diz uma coisa aqui, repete o que vem sendo dito nos jornais. Leia o meu voto!"

Lewandowski respondeu: "Vossa Excelência está dizendo que eu estou repetindo? Peço que Vossa Excelência exemplifique".

Barbosa disse que ele precisava parar com "intrigas": "Faça seu voto de maneira sóbria". Dizendo-se "perplexo", Lewandowski resolveu não polemizar mais.

Outro ponto em que não há acordo é sobre a realização de sessões extras para agilizar o julgamento.

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