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Sabatina Folha - Fernando Haddad

Sem limite, Serra não poupa nem amigos para se eleger

PETISTA RECLAMA DE ATAQUES, ESCOLHE TUCANO COMO ALVO PRINCIPAL E DIZ QUE MALUF 'NÃO LEVARÁ NADA' SE FOR ELEITO

Fotos Danilo Verpa/Folhapress
Fernando Haddad na sabatina Folha/UOL
Fernando Haddad na sabatina Folha/UOL

DE SÃO PAULO

O candidato do PT a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, deixou claro ontem, na Sabatina Folha/UOL, que escolheu José Serra (PSDB) como seu alvo preferencial no último mês da campanha.

Ao reclamar das críticas do adversário na TV, disse que ele "não tem limites" e "não poupa nem o melhor amigo" para tentar se eleger.

O petista também foi ao ataque. Numa das respostas, responsabilizou o tucano pela cratera que matou sete pessoas na obra do metrô. O acidente ocorreu em 2007, primeiro ano da gestão dele como governador do Estado.

Haddad e Serra estão tecnicamente empatados em segundo lugar. Se a eleição fosse hoje, disputariam uma vaga para enfrentar o líder das pesquisas, Celso Russomanno (PRB), no segundo turno.

O candidato prometeu não entregar cargos ao aliado Paulo Maluf (PP) na prefeitura caso seja eleito. "Ele não vai levar nada", disse.

Participaram da sabatina Ricardo Balthazar, editor de "Poder", Vera Magalhães, editora do "Painel", Barbara Gancia, colunista da Folha, e Maurício Stycer, repórter especial do UOL.

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Embate com Serra
Haddad reclamou dos ataques de Serra na TV. "Acho lastimável a maneira como ele vem se comportando", afirmou. "Ele não tem limites." Sobre as críticas do tucano à aparição de Dilma Rousseff na propaganda petista, ele disse: "Quem pretende ser prefeito da maior cidade do país vai se indispor com a presidente da República vetando a participação dela numa campanha?"

Questionado sobre as críticas por ter ajudado a criar taxas na gestão Marta Suplicy [2001-04], voltou ao ataque. Disse que seu chefe à época, João Sayad, é o "melhor amigo" de Serra. "Ele não poupa ninguém. Nem o melhor amigo ele é capaz de poupar."

Enem e cratera no metrô
Cobrado pelas falhas no Enem quando era ministro da Educação, o petista disse ter sido vítima de "sabotagem" no episódio do roubo de provas em 2009. O exame do ensino médio também teve problemas em 2010 e 2011.

Ele emendou a resposta em novas críticas ao candidato do PSDB. "Vamos supor que a cratera do metrô do Serra fosse um ato de sabotagem. Nós não íamos acusá-lo. Íamos nos solidarizar com ele. Infelizmente, a cratera do metrô foi um erro de gestão. As panes da CPTM, do metrô."

Aliança com Maluf
Repetindo o mantra de que se alia a partidos e não a pessoas, Haddad tentou se desvincular de Paulo Maluf, que o apoia. A editora Vera Magalhães perguntou por que o acordo foi fechado na mansão do ex-prefeito, no Jardim América, e não na sede do PP. O petista disse ter sido convidado para um almoço com os vereadores da sigla.

Sobre a eventual participação de Maluf na prefeitura caso ele seja eleito, foi enfático: "Não vai levar nada."

Paz com Russomanno
A colunista Barbara Gancia perguntou por que Haddad poupa Celso Russomanno de ataques.

O petista já disse que São Paulo "não é para amador" e não pode "dar um salto no escuro". Mas desconversou ao ser questionado sobre se a crítica era dirigida ao líder das pesquisas de intenção de voto. Limitou-se a dizer que não vê "horizonte de futuro" em seu programa de governo.

PT e mensalão
Sobre o fato de ter ascendido no PT graças à queda de dirigentes envolvidos no mensalão, Haddad disse que o escândalo "não veio a calhar" para ninguém. "O DEM festejou o que aconteceu com o [ex-governador José Roberto] Arruda em Brasília?"

Ele disse que respeitará qualquer decisão do Supremo Tribunal Federal sobre o caso. "O [ex] presidente Lula nomeou, indicou e o Senado aprovou 8 dos 11 ministros. Ele conduziu quem fez a denúncia e conduziu o atual procurador-geral", disse.

"Nós estamos falando da Suprema Corte. Ministros com alta respeitabilidade. Como não vou respeitar as pessoas que estão lá, e que foram indicadas pelo meu partido?", disse. "Você pode discordar, é um direito democrático. Agora, as instituições têm que ser respeitadas."

José Dirceu
O petista disse que sua nomeação como assessor do Ministério do Planejamento foi assinada por Dirceu, em 2003, por ser atribuição de rotina do chefe da Casa Civil.

A colunista Barbara Gancia perguntou se os dois são amigos. "O Zé Dirceu abonou minha ficha de filiação ao PT em 1983. Eu o conheço há muito tempo", respondeu Haddad. "Ele abonou como dirigente. Quem me recrutou foi o [ex-presidente da Radiobrás] Eugênio Bucci."

Kit anti-homofobia
Haddad disse que o MEC barrou o kit contra a homofobia nas escolas porque o material não estaria afinado com o combate à violência.

O repórter Mauricio Stycer lembrou que foi a presidente Dilma quem vetou a distribuição, após reação das igrejas. "Eu e ela. Nós conversamos", interrompeu Haddad. "A bem da verdade, conversei com o [ministro] Gilberto Carvalho. Tinha tomado conhecimento do material na véspera."

Arco do Futuro
O petista exaltou o projeto do Arco do Futuro e reclamou do ceticismo dos entrevistadores com a viabilidade do pacote de obras, de custo estimado em R$ 20 bilhões.

"São Paulo não pode ter baixa pretensão, é a maior metrópole do país", disse. "É óbvio que nem todas as obras serão entregues em quatro anos. Mas a maioria já foi pensada e não saiu do papel."

Media training
Estreante em eleições, ele não quis dar detalhes sobre o treinamento que tem recebido para falar em público. Inicialmente, disse ter feito apenas uma sessão de "media training", antes do debate da Bandeirantes. "Sou professor, tenho prática em falar. Até quatro horas, eu consigo. Mais que isso, só com estágio na Venezuela", brincou.

Depois, ele reconheceu ter sido aconselhado a trocar a terceira pela primeira pessoa. "Falaram para usar mais 'eu' do que 'nós', porque o candidato sou eu..."

Segundo turno
Haddad não quis dizer quem apoiaria numa disputa entre Russomanno e Serra. "Estarei no segundo turno."

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