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Eleições 2012

Após ataques, Russomanno diz que é alvo de 'jogo sujo'

Candidato muda tom de propaganda na TV para se defender de 'difamação'

Alteração acontece após a Igreja Católica dizer que sua eventual vitória representa um risco para a democracia

DE SÃO PAULO
DO ENVIADO A APARECIDA

Um dia depois de ser alvo de um duro ataque da Igreja Católica, o candidato do PRB a prefeito de São Paulo, Celso Russomanno, alterou o tom de sua propaganda na televisão e adotou o discurso de que tem sido vítima de um "jogo sujo" pelo poder.

No programa que foi ao ar ontem, um narrador diz que Russomanno sofre "os ataques mais baixos" depois de ter virado líder nas pesquisas.

Nos programas anteriores, o candidato costumava exibir queixas de eleitores a serviços públicos municipais.

Segundo pesquisa Datafolha, Russomanno lidera com 32% das intenções de voto e é seguido por José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT), tecnicamente empatados em segundo, com 20% e 17%.

Anteontem, a Arquidiocese de São Paulo emitiu nota em resposta a texto de 2011 do presidente do PRB e coordenador da campanha de Russomanno, o bispo da Igreja Universal Marcos Pereira.

No comunicado, a Igreja Católica insinua que uma eventual vitória do candidato representa uma ameaça à democracia e acusa Pereira de disseminar posições "desrespeitosas" sobre católicos.

O texto de Pereira é de 2011, mas tem sido citado em redes sociais. Ele liga a Igreja Católica à proposta de distribuição do chamado "kit gay", que visava combater a homofobia nas escolas. Idealizado quando Haddad era ministro da Educação, o material despertou críticas de evangélicos e acabou suspenso.

Ontem, Russomanno tentou minimizar a importância do artigo de seu aliado. Disse que se trata da "opinião de um blogueiro" e que está sendo "requentado" por causa do "momento político".

Não quis, no entanto, dizer se as ideias defendidas ali teriam influência em sua eventual administração. Por duas vezes, quando questionado, limitou-se a repetir: "Quem vai governar São Paulo é o Celso Russomanno". Disse ainda que buscaria a Arquidiocese para falar do tema.

Pereira também reagiu e disse lamentar o uso do artigo "de maneira indevida às vésperas da eleição".

A Arquidiocese se manifestou novamente: reiterou as críticas e disse que não é responsável por trazer o tema para a eleição, uma vez que o artigo continua disponível no blog de Pereira.

O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dom Raymundo Damasceno, disse à Folha que a "orientação" da Arquidiocese foi pontual, "porque o problema é lá [SP]".

Segundo ele, a Igreja Católica só faria campanha diante de um caso excepcional: "O correto é orientar, formar".

Ontem, Haddad atacou o texto de Pereira durante sabatina da Rede Record, ligada à Igreja Universal. Disse que a discussão pode criar uma "guerra santa" entre católicos e evangélicos e "trazer o Oriente Médio para cá".

(LUCAS NEVES, PAULO GAMA, LUIZA BANDEIRA E DANIEL CARVALHO)

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