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Mensalão o julgamento

Valério acusa Lula de ser o chefe do esquema, diz revista

Empresário teria afirmado que mensalão movimentou R$ 350 milhões

Advogado do réu dá versões distintas sobre declaração; em comício, Lula exorta petistas a defenderem a 'camisa'

DE BRASÍLIA
DE SÃO PAULO

O empresário Marcos Valério de Souza acusou o ex-presidente Lula de chefiar o mensalão e disse que o PT desviou R$ 350 milhões para o esquema -quase o triplo do valor investigado-, segundo reportagem da revista "Veja" desta semana.

De acordo com a revista, Valério disse a pessoas próximas que Lula só não foi para o banco dos réus porque houve um silêncio por parte dele e dos petistas José Dirceu, ex-chefe da Casa Civil, e Delúbio Soares, ex-tesoureiro do partido.

"Não podem condenar apenas os mequetrefes. Só não sobrou para o Lula porque eu, o Delúbio e o Zé [Dirceu] não falamos", afirmou Valério, segundo a revista. E concluiu: "Lula era o chefe".

A Procuradoria-Geral da República fala que o mensalão foi alimentado por desvio de R$ 136 milhões. "O caixa era muito maior. O caixa do PT foi de R$ 350 milhões", teria dito Valério.

Lula não foi acusado pela Procuradoria e nega ter tido relação com o empresário.

O ex-presidente participou de três comícios ontem. Não deu entrevistas nem citou o mensalão, mas apesar de dizer que o PT é o único partido que tem coragem de ir às praças públicas, manifestou desconforto com a ausência de militantes nas ruas.

"Cadê aquilo que aprendemos a fazer ao longo da nossa história? Levantar de manhã, não ter vergonha da nossa bandeira? Não ter vergonha da nossa camisa?", discursou em Capão Redondo, extremo sul de São Paulo.

VERSÕES

À Folha o advogado de Valério, Marcelo Leonardo, disse num primeiro momento que não confirmava nem desmentia as declarações do cliente. Mais tarde, afirmou que Valério negou o teor da reportagem. "Ele não deu entrevista e negou toda a matéria, inclusive as declarações."

Valério foi condenado no julgamento do Supremo Tribunal Federal por três crimes até agora: corrupção, peculato e lavagem de dinheiro.

O texto da revista diz que o revés no Supremo tem levado ele a contar o que sabe a amigos. Por exemplo, encontros no Palácio do Planalto com Lula. "Do Zé ao Lula era só descer a escada. Isso se faz sem marcar. Ele dizia: 'Vamos lá embaixo, vamos'."

O ex-presidente também teria viabilizado empréstimos bancários a Valério -os mesmos que o STF considerou fraudulentos.

A "Veja" diz ainda que o empresário teme ser morto e que o petista Paulo Okamotto, amigo de Lula, teria sido designado pelo PT com o objetivo de mantê-lo calado.

O empresário afirmou que Okamotto chegou a dar um "safanão" em sua mulher, Renilda Santiago, quando ela o procurou para pedir ajuda.

Ainda segundo a "Veja", Valério mencionou encontros privados de Delúbio e Lula no Palácio do Alvorada. "O Delúbio dormia no Alvorada."

O advogado de Delúbio, Celso Vilardi, disse que seu cliente não iria se manifestar.

O advogado de Dirceu, José Luis de Oliveira Lima, afirmou que a reportagem da "Veja" é "leviana".

Ontem Marco Aurélio Mello, do STF, disse que as supostas declarações não influenciam no julgamento, mesma posição manifestada reservadamente por outros ministros. "A ação penal 470 [mensalão] já está finalizada e, quanto à prova, fechada."

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