Índice geral Poder
Poder
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Concurso do TJ fez perguntas pessoais a candidatos

Conselho de Justiça determinou que tribunal paulista refaça prova de 146 aspirantes a juiz

FELIPE SELIGMAN
DE BRASÍLIA

O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) decidiu na noite de ontem que foi irregular concurso de juiz realizado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo e determinou nova prova oral para 146 candidatos que haviam sido reprovados.

Praticamente todos os integrantes do conselho reconheceram a existência de graves problemas, entre eles entrevistas fechadas com os candidatos nas quais foram realizadas diversas perguntas subjetivas.

Segundo informações enviadas ao CNJ por candidatos reprovados, eles foram alvos de perguntas do tipo: "A senhora está grávida? Não acha que já começaria a carreira como um estorvo para o Poder Judiciário?"; "Qual a sua religião?"; ou "Como é sua família? Tem bases sólidas?".

A maioria dos conselheiros, no entanto, entendeu que os vícios não poderiam prejudicar outros 70 candidatos que, mesmo com todos os problemas, foram aprovados. De acordo com o Conselho, quem foi aprovado deve ser imediatamente empossado.

O concurso, cuja fase de provas orais foi realizada no início do ano, estava suspenso desde maio e não chegou a ser homologado.

O presidente do CNJ, Carlos Ayres Britto, fez um duro voto, argumentando que ficou "mal impressionado com o número de vícios" que encontrou no concurso.

Ele comparou a entrevista pessoal a uma prova psicotécnica, "tão apreciada por regimes de exceção".

"É preciso salvar o examinador de si mesmo, para que ele não tenha a possibilidade de expressar suas simpatias e antipatias. Esse concurso turbinou a subjetividade."

O TJ-SP negou irregularidade no concurso e disse que as perguntas questionadas pelos candidatos não contaram para a nota.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.