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Eleições 2012

Herdeiros de clãs políticos querem chefiar 14 capitais

Filhos e netos de políticos são candidatos a prefeito no Rio e em Curitiba

Professor da UFRJ diz que ampliação do espectro partidário dificulta perpetuação de famílias no poder

PAULO GAMA
LUCAS NEVES
DE SÃO PAULO

Ao menos 19 filhos ou netos de políticos são candidatos a prefeito de 14 das 26 capitais brasileiras.

Em cinco dessas cidades, os eleitores têm dois herdeiros entre os quais escolher: em Curitiba, Gustavo Fruet (PDT) -filho do ex-prefeito Maurício Fruet- concorre com Ratinho Junior (PSC), filho do apresentador Carlos Massa, ex-vereador e ex-deputado federal (1991-1995).

Já em Manaus, o ex-senador Arthur Virgílio (PSDB), cujo pai foi deputado e senador, tem entre seus adversários Jerônimo Maranhão (PMN), filho de um dos fundadores de seu partido. O duelo de descendentes se repete em outros locais, como Recife, em Natal e no Rio.

Na capital fluminense, Otávio Leite (PSDB), neto do ex-senador Júlio Leite, é adversário da chapa "puro-sangue familiar" formada por Rodrigo Maia (DEM), filho do ex-prefeito César Maia, e a vice Clarissa Garotinho (PR), herdeira do casal Anthony e Rosinha, que já têm no currículo o governo do Estado e a Prefeitura de Campos (RJ).

As duas candidaturas, no entanto, estão tecnicamente empatadas em terceiro lugar, com 3% e 4%, e veem Eduardo Paes (PMDB) disparar, com 54% das intenções de voto, segundo o mais recente levantamento do Datafolha.

Dez dos "candidatos herdeiros" concorrem a prefeituras de capitais nordestinas.

Em Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto, da terceira geração do carlismo, é o líder do mais recente levantamento feito pelo Ibope.

Além dos filhos e dos netos, a lista de candidatos em capitais guarda outros parentescos. Teresa Jucá (PMDB), mulher do senador Romero Jucá (PMDB-RO), concorre à Prefeitura de Boa Vista, capital de Roraima. José Benito Priante (PMDB) disputa a de Belém com o apoio do primo, o conhecido senador Jader Barbalho (PMDB-PA).

CLÃS NA CÂMARA

Na relação dos concorrentes à vereança, tampouco faltam laços de família ilustres. Em São Paulo, pelo menos oito parentes de políticos tentam uma vaga no Legislativo municipal no dia 7.

Dois irmãos petistas, Arselino (já vereador) e Jair Tatto, buscam mandatos na Câmara. O clã também inclui Jilmar, deputado federal, e Ênio, estadual.

Em Porto Alegre, Goulart, neto do ex-presidente João Goulart, disputa pela segunda vez uma vaga de vereador na capital gaúcha. Não se elegeu da primeira. Sua campanha escancara o parentesco: "Vote no neto do Jango".

No Rio, Leonel Brizola Neto tenta se reeleger para a Câmara. Da família do ex-governador, há ainda Brizola Neto, atual ministro do Trabalho.

O professor de ciência política da UFRJ Charles Pessanha afirma ser natural que filhos sigam a profissão dos pais, "até porque têm vantagens comparativas".

A "passagem de bastão" ganha contornos perversos, diz ele, quando famílias usam seu capital político para se perpetuar no poder, algo comum aqui por causa da oligarquização que caracteriza a sociedade brasileira.

"Com a modernização da prática política, o aumento da competição entre partidos e o incremento da cultura cívica, a prática tende a diminuir, mas não a desaparecer", afirma ele. Pessanha cita os norte-americanos Kennedy e Bush para lembrar que o expediente não é uma exclusividade brasileira.

Colaboraram BRUNA BORGES e NATÁLIA PEIXOTO, de São Paulo

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