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Mensalão - o julgamento

Artistas solidários a Dirceu criticam tom de julgamento

Grupo assina documento com críticas à 'espetacularização' do mensalão

Um dos articuladores do texto, o produtor Luiz Carlos Barreto diz que ideia é defender presunção da inocência

DO RIO

Um grupo solidário ao ex-ministro José Dirceu- formado por intelectuais, artistas e acadêmicos- prepara um documento com críticas ao tom de espetáculo que, na opinião deles, contaminou o julgamento do mensalão. A ideia é encaminhar a mensagem aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

O produtor de cinema Luiz Carlos Barreto está entre os articuladores. Ele disse que o texto ainda não foi concluído, apesar de contar com mais de 200 assinaturas.

Da lista, ele cita o arquiteto Oscar Niemeyer, o economista Luiz Carlos Bresser-Pereira (ministro na gestão do tucano Fernando Henrique Cardoso), os cineastas Bruno Barreto e Tizuka Yamazaki, o poeta e compositor Jorge Mautner, o músico Alceu Valença e a empresária Flora Gil, mulher de Gilberto Gil.

"Não é um manifesto. É um texto filosófico-doutrinário de cidadãos brasileiros preocupados com a manutenção de alguns direitos constitucionais, sobretudo o direito à presunção de inocência", disse Barreto.

Amigo de José Dirceu, o produtor afirmou que o ex-ministro não será citado no texto. E acrescentou que o documento "não é um manifesto de apoio" ao acusado de chefiar o esquema de desvio de dinheiro. Entretanto, Barreto criticou a forma como ele estaria sendo retratado para a opinião pública.

"O mensalão ganhou um tratamento dramatúrgico de novela, com clima de suspense, deixando o mais importante para o final. E o José Dirceu está sendo colocado como o 'bad guy' da história".

Oscar Niemeyer disse ao jornal "O Globo" que "desde o início há uma campanha contra o José Dirceu. Um exagero." Barreto classificou o documento como uma "defesa de princípios".

"Não reivindicamos a inocência de ninguém. Mas esperamos que os ministros do STF saibam punir quem tem de ser punido. E inocentar quem tem direito à inocência", disse o produtor, que se reuniu ontem com outros articuladores da ação.

"Ainda não decidimos se a mensagem será ou não enviada ao STF."

O produtor acrescentou, no entanto, que aposta na isenção dos ministros.

"Somos contra a espetacularização do julgamento, o pré-julgamento e a pré-condenação que vem se fazendo publicamente. Esperamos que o julgamento seja feito no tribunal."

(FABIO BRISOLLA)

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