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Após prisão de diretor, Google tira vídeo do ar

Chefe da empresa no Brasil disse que não teve escolha e que Justiça Eleitoral não permitiu debate aprofundado sobre o caso

Executivo ficou detido ontem por não cumprir ordem de retirar vídeo com ataque a candidato a prefeito em MS

SÍLVIA COSTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM CAMPO GRANDE (MS)
DANIEL CARVALHO
DE SÃO PAULO

O Google Brasil bloqueou ontem o vídeo que, um dia antes, motivou a prisão do diretor-geral da empresa no país, Fabio José Silva Coelho.

Em depoimento à Polícia Federal anteontem, o executivo havia dito que não tinha "meios técnicos necessários" para removê-los do Youtube, site que pertence à empresa.

Anteontem, o executivo passou algumas horas preso na PF em São Paulo porque o Google não havia cumprido ordem da Justiça Eleitoral de Mato Grosso do Sul para a retirada do ar de vídeos com ataques ao candidato do PP a prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal.

O crime está previsto no Código Eleitoral, que estipula pena de detenção de três meses a um ano e pagamento de multa.

O mesmo juiz eleitoral de MS que determinou a prisão, Flávio Saad Peron, expediu alvará de soltura por considerar esse crime de "menor potencial ofensivo".

"Agora, não temos outra escolha senão bloquear o vídeo no Brasil", escreveu ontem o executivo no blog da empresa no Brasil.

No comunicado, ele afirma que a Justiça Eleitoral não permitiu uma discussão mais profunda do assunto. "Estamos profundamente desapontados por não termos tido a oportunidade de debater plenamente na Justiça Eleitoral nossos argumentos de que tais vídeos eram manifestações legítimas da liberdade de expressão", disse.

À Polícia Federal ele disse que não tinha os "meios técnicos necessários" para remover os vídeos e que isso somente poderia ser feito pela sede da empresa, nos EUA.

A assessoria do Google em São Paulo disse que o bloqueio do vídeo ocorreu diretamente no Brasil.

Ainda no depoimento à PF obtido pela Folha, o executivo disse que não foi intimado pessoalmente sobre a remoção dos vídeos e que não tem controle sobre todos os processos judiciais da empresa.

Disse que o procedimento adotado após o recebimento de uma determinação de exclusão de conteúdo é o de "encaminhar", após esgotados os recursos, para o Google nos EUA, a quem cabe cumprir ou não a decisão.

Os vídeos citados na decisão da Justiça associam o candidato do PP à prática de aborto e violência doméstica, entre outras acusações. Alcides Bernal nega as informações publicadas nos vídeos.

A coligação de Bernal pediu a exclusão de dois vídeos. Um deles já havia sido retirado, mas ao menos três cópias estavam disponíveis ontem. Do segundo, bloqueado ontem pelo Google, a reportagem não localizou cópias até a conclusão desta edição.

A Justiça Eleitoral também determinou a suspensão do Google e do YouTube em Mato Grosso do Sul por 24 horas. A Embratel não informou quando os sites sairão do ar.

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