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Erros de PT e PSDB deram impulso a Russomanno

Grandes partidos incentivaram PRB a lançar azarão na disputa de São Paulo

Lula estimulou sigla aliada por achar que tiraria votos de Serra; tucanos o ajudaram a fechar aliança com PTB

BERNARDO MELLO FRANCO
CATIA SEABRA
DE SÃO PAULO

Ele nem precisou combinar com os adversários. Considerado azarão na corrida à Prefeitura de São Paulo, o candidato do PRB, Celso Russomanno, contou com uma série de erros de PT e PSDB para assumir a ponta na sucessão de Gilberto Kassab (PSD).

A uma semana do primeiro turno, aliados do tucano José Serra e do petista Fernando Haddad reconhecem ter subestimado o potencial de votos do ex-deputado, que fez fama ao defender os direitos do consumidor na TV.

Mais que isso: por acharem que Russomanno era inofensivo, PT e PSDB avalizaram a união com o PTB -sem ela o candidato corria risco de sumir com pouco mais de 60 segundos de propaganda.

Os erros começaram na pré-campanha, que foi praticamente ignorada pelos favoritos. Enquanto Serra resistia a entrar na disputa e Haddad esperava a recuperação de Lula, Russomanno reforçava sua imagem com aparições diárias na TV Record. A emissora é comandada pela Igreja Universal, que também controla o PRB.

Com a ajuda dos bispos, o candidato se aproximou de outras igrejas antes dos rivais. Ele tem hoje 41% das intenções de voto entre evangélicos pentecostais, seu melhor desempenho em todos os segmentos religiosos.

Russomanno também surpreendeu o ex-presidente Lula, padrinho de Haddad. O petista forçou a retirada de outros pré-candidatos, como Netinho de Paula (PC do B), mas estimulou o PRB a lançá-lo por achar que ele só tiraria votos de Serra entre o eleitorado mais conservador.

"Lula dizia que a candidatura Russomanno era importante. Pelas contas dele, a gente poderia ir a 10%, quem sabe até a 15%", diz o presidente do PRB, bispo Marcos Pereira, que foi ao Instituto Lula duas vezes neste ano.

Pouco depois, foi a vez de os tucanos darem um empurrão à zebra ao incentivar sua aliança com o PTB. A sigla integra a base de apoio ao governo Geraldo Alckmin.

PARABÉNS

Em 28 de junho, quando estava prestes a oficializar a união, Pereira ligou para avisar o governador. "Alckmin me parabenizou", lembra.

Horas antes, o presidente estadual do PTB, Campos Machado, se reunira com um dos principais articuladores de Serra, Aloysio Nunes Ferreira. O senador tucano recomendou que ele apoiasse Russomanno por considerá-lo menos perigoso que Haddad e Gabriel Chalita (PMDB).

O PT também facilitou o acordo ao recusar uma composição que entregaria o lugar de vice de Haddad ao petebista Luiz Flávio D'Urso, hoje na chapa de Russomanno.

Com a campanha em curso, petistas e tucanos passaram a se atacar, poupando o candidato do PRB -Serra chegou a firmar um "pacto de não agressão" com a sigla. Todos pensaram que Russomanno despencaria sozinho com a falta de tempo na TV.

"As previsões não se confirmaram", diz o chefe da campanha de Haddad, Antonio Donato. "Todos os analistas acreditavam que ele cairia assim que começasse o horário eleitoral, mas isso simplesmente não aconteceu."

"Talvez a gente tenha subestimado o nível de descontentamento da população. Todo mundo errou", resume o coordenador tucano, deputado Edson Aparecido.

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