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Análise

Pelo histórico, todo presidente perde em SP

A tentação de associar Dilma a um eventual triunfo ou naufrágio de Haddad pode ser grande, mas o retrospecto pede cautela

RICARDO MENDONÇA
EDITOR-ASSISTENTE DE “PODER”

Quando o Datafolha perguntou aos paulistanos qual seria o peso do apoio da presidente Dilma a um candidato, um terço sinalizou de forma positiva. Sim, poderiam votar em alguém indicado por ela. Outros 27% responderam "talvez". Parecia promissor.

Semanas atrás, Dilma entrou efetivamente na campanha de Haddad. Apareceu na TV, pediu voto e, para alguns, avançou até um pouco mais que o razoável. Sugeriu, voluntaria ou involuntariamente, que a cidade teria mais recursos com o petista.

Haddad não disparou. Oscilou positivamente, oscilou negativamente, foi de 15% a 18% na última rodada. Pena para ir ao segundo turno.

Só há, portanto, uma conclusão possível disso tudo: se Haddad arrebentar nas urnas e virar prefeito, ninguém poderá dizer que o apoio de Dilma foi determinante.

Mas e se perder domingo? Dilma seria sócia do fracasso?

A tentação de associar um presidente a triunfos ou naufrágios de correligionários pode ser grande. O retrospecto, porém, recomenda cautela.

Em 1996, no auge do Plano Real, o candidato a prefeito do então popular presidente Fernando Henrique Cardoso era o mesmo Serra de agora, seu ministro do Planejamento. Com 15,6% dos votos válidos -menos do que Haddad teria hoje-, Serra não foi nem ao segundo turno. Alguém diria que aquele vexame ficou marcado como uma derrota presidencial?

Reeleito em 1998, FHC voltaria a perder na capital em 2000, quando a petista Marta Suplicy virou prefeita. Foi a vez, então, de Alckmin ficar excluído do segundo turno.

Com Lula ocorreu algo parecido. Dois anos após sua vitória apoteótica em 2002, ele viu a aliada Marta perder a reeleição para o rival Serra.

Bem, se fosse essa a grande tragédia do governo Lula, petistas estariam festejando.

A derrota em 2004, porém, não impediu a reeleição de Lula. E em 2008, o Lula reeleito voltou a perder em São Paulo, dessa vez para Kassab.

A regra, portanto, tem sido essa: todo presidente perde em São Paulo. Mas e daí? Daí nada. E note que, ao contrário de Lula e FHC, Dilma nem é de São Paulo. Cresceu em Minas. Vota em Porto Alegre...

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