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Alexandra Moraes

O fator canino

Serra afaga pinscher, Haddad é seguido por vira-lata -e o campeão da Câmara é fã de animais

NO INÍCIO desta semana, princípio também do segundo turno das eleições municipais, o candidato José Serra (PSDB) afagou um cachorro da raça pinscher. Do colo do dono, o animal segurava na boca uma haste com dois santinhos do tucano.

Serra olhava para o pinscher, o pinscher, de olhos saltados, mirava a câmera, sem largar o cabo dos santinhos, que pendiam como estandartes. Talvez tenha contribuído, mesmo que de modo infinitesimal, para humanizar Serra.

No início de agosto, o candidato Fernando Haddad (PT) fez carreata em Sapopemba, na zona leste, e foi acompanhado por um cão vira-lata por alguns quilômetros. O inusitado cabo eleitoral salteou pelo asfalto como se estivesse disposto a alcançar as urnas.

Empoleirado no alto de uma caminhonete, Haddad fez gestos simpáticos ao doguinho.

Longe de virar símbolo da campanha, a imagem talvez tenha contribuído de modo infinitesimal para conferir aspecto mais terreno ao candidato de pai Lula.

Em meados de setembro, Celso Russomanno (PRB) também abraçou um cachorro, mas de pelúcia. Saiu da disputa.

Vereador mais votado nesta eleição, Roberto Trípoli (PV) foi escolhido por 132 mil pessoas ao promover causas ligadas aos animais -em especial aos "pets", aqueles bastante humanizados que convivem muito de perto com eleitores. Após conseguir os votos, Trípoli repetiu uma frase tão popular quanto infeliz: "Quanto mais conheço humanos, mais gosto dos animais".

Trípoli é aliado de Gilberto Kassab (PSD) e líder do prefeito na Câmara Municipal. O prefeito Kassab é aquele cuja boca foi alvejada, num cavalete, pela urina de um desapercebido cãozinho. A imagem, essa sim, foi largamente compartilhada na internet no início de julho. O cachorro, então, havia se convertido em antipropaganda -meio catártica, meio pastelona.

Talvez tenha sobrado para os cãezinhos de campanha, adestrados ou desastrados, a tarefa de humanizar também os cães sem plumas (rios mortos, vida cinzenta, gentes "mais aquém do homem") -cabralinos mas também muito paulistanos.

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