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Genoino diz não se arrepender de nada

DE SÃO PAULO
DE BRASÍLIA

Um dia depois de ser condenado por corrupção ativa no processo do mensalão, o ex-presidente do PT José Genoino atacou o STF (Supremo Tribunal Federal) e a imprensa e afirmou que não se arrepende de nada.

Ele pediu demissão do cargo de assessor especial do Ministério da Defesa, para o qual foi nomeado em 2011 após perder eleição para deputado. "Retiro-me do governo com a consciência dos inocentes. Não me envergonho de nada. Continuarei a lutar com todas as minhas forças."

Com as mãos trêmulas, Genoino leu uma carta em que se disse "indignado" e acusou os ministros do STF de "injustiça monumental".

"A corte errou. A corte foi, sobretudo, injusta. Condenou um inocente. Condenou-me sem provas", escreveu. "Como esperar um julgamento sereno no momento em que os juízes são pautados por comentaristas políticos?"

O ex-deputado disse que o julgamento se realiza sob uma "diuturna e sistemática campanha de ódio", numa "tentativa de condenar todo um partido político".

Ele acusou "setores reacionários" e "moralistas de ocasião" na imprensa, na política e no Judiciário de não aceitarem o PT no poder.

"Mas eles fracassarão. O julgamento da população sempre nos favorecerá."

Ao se defender da acusação de ajudar a comprar votos para o governo Lula no Congresso, repetiu que não cuidava das contas da legenda e disse ter patrimônio de "modesto de cidadão de classe média" após "mais de 40 anos de política".

Em reunião fechada com dirigentes do PT, o ex-deputado chorou, voltou a se dizer vítima de campanha para "aniquilar" o partido e disse que manterá a "cabeça erguida". Ele se emocionou ao ser chamado, em coro, de "guerreiro do povo brasileiro".

"Fui ingênuo. Me iludi sobre o resultado do julgamento", disse, segundo petistas.

No fim, afirmou estar pronto para ser preso e lembrou os anos que passou na cadeia durante a ditadura.

VOLTA À CÂMARA

Embora não tenha sido eleito deputado federal em 2010, Genoino ficou na suplência da coligação petista e tem chance de assumir uma cadeira na Câmara em 2013.

Atualmente, ele é o primeiro na lista de suplentes da coligação na Casa. Com a eleição do deputado federal Carlinhos de Almeida (PT-SP) para prefeito de São José dos Campos, pode abrir a vaga para o petista na Câmara.

Essa cadeira de Genoino, porém, poderá ser dada a Vanderlei Siraque (PT-SP), que também ficara como suplente e hoje ocupa a vaga do ministro do Esporte, Aldo Rebelo (PC do B). A posse dos eleitos nas eleições municipais está prevista para ocorrer em 1º de janeiro de 2013.

Ainda não há consenso se a condenação no STF afastaria Genoino automaticamente do cargo, na hipótese de o ex-presidente do PT assumir um mandato de deputado.

Para o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-SP), a cassação do mandato dos parlamentares condenados no mensalão deve passar pelo plenário da Casa. Para alguns ministros do STF, a perda de mandato é imediata.

Entram no rol de deputados condenados no Supremo João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT).

NA INTERNET
Leia a íntegra das cartas de José Genoino e da filha dele no site da Folha
folha.com/no1167503

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