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Eleições 2012

'O prefeito de fato sou eu', afirma ficha suja barrado

Políticos renunciaram na semana da eleição e colocaram parentes no lugar

Nomes foram trocados até dois dias antes da votação; candidatos barrados dizem que irão participar de governos

DANIEL CARVALHO
VALMAR HUPSEL FILHO
DE SÃO PAULO

A partir de janeiro, o município de Conde, no litoral da Bahia, terá dois prefeitos. A legislação eleitoral não permite, mas o casal Madeirol parece não se incomodar.

A titular, eleita com 53,68% dos votos, é Marly Leal de Oliveira, a Marly Madeirol (PTN).

"Mas o prefeito de fato sou eu", disse ontem à Folha o marido dela, Paulo de Oliveira, o Paulo Madeirol (PSD).

Para ele, a cidade só tem a ganhar. "Pela primeira vez Conde vai ter dois prefeitos, um homem e uma mulher."

Paulo é um dos 68 candidatos a prefeito considerados fichas sujas pela Justiça Eleitoral que desistiram de recursos em instâncias superiores, renunciaram à candidatura na semana da eleição e foram substituídos por familiares.

Além dele, outros 32 conseguiram eleger esses parentes, como mostrou ontem a Folha.

Paulo era o candidato até a antevéspera da eleição. Dono de uma loja de construção (a Madeirol), foi prefeito entre 2001 e 2008. Em 2003, um funcionário foi flagrado retirando areia em área irregular. Condenado, foi enquadrado na Lei da Ficha Limpa.

Mesmo assim, começou a "fazer campanha antecipada no ano passado", disse.

Antes de Paulo, a reportagem contatou a prefeita eleita, mas ela orientou que o marido fosse procurado. Questionado sobre o envolvimento anterior dela com a política, ele foi direto: "Nenhum".

Neia de Saulo (PT) substituiu o marido, Saulo (PTB), em Padre Paraíso (MG). "O povo queria ele, né? Mas como ele estava impedido, eu substituí", declara a mulher do ex-prefeito, também barrado.

Já em Itabirinha (MG), o ex-prefeito José Reis (PSDB) diz que participará de perto da gestão do filho, Edmo Reis (PSDB). "Vou fazer um trabalho voluntário." Em Boninal (BA), o ex-prefeito Ezequiel Paiva (PP) desligou o telefone quando ouviu o motivo da ligação. Ele elegeu o filho Vitor, 26.

Para o juiz Márlon Reis, coordenador do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral e um dos autores da Lei da Ficha Limpa, o mecanismo é "escandalosamente fraudulento".

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