Índice geral Poder
Poder
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Eleições 2012

Serra distribuiu em SP kit com material contra homofobia

Cartilha foi entregue a professores de escolas de ensino médio em 2009, durante a gestão do tucano no Estado

Ex-governador, que é crítico de 'kit gay' feito na gestão de Haddad no MEC, afirmou que seu material é diferente

DE SÃO PAULO

Crítico do material anti-homofobia produzido pelo MEC (Ministério da Educação) durante a gestão de seu rival, Fernando Hadddad (PT), o candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra, distribuiu cartilha com conteúdo semelhante a escolas de ensino médio de todo o Estado, em 2009.

A cartilha foi desenvolvida pela Secretaria Estadual de Educação quando Serra era governador. Ela aborda diversos temas, entre eles homofobia, e recomenda a exibição de vídeos sobre o assunto em sala de aula. O conteúdo do material foi revelado ontem pela colunista Mônica Bergamo no site da Folha.

Destinada aos professores, a cartilha tucana sugere que eles mostrem aos alunos desenhos ou figuras de "duas garotas de mãos dadas, dois garotos de mãos dadas, uma garota e um garoto se beijando no rosto, dois homens se abraçando depois que um deles faz um gol e duas garotas se beijando".

Os professores são orientados a registrar as "sensações" dos alunos e discutir com eles diversidade e homofobia.

A cartilha indica que a atividade seja encerrada com a exibição do vídeo "Medo de Quê", que relata os conflitos de um adolescente ao aceitar sua homossexualidade.

Há ainda a indicação do "Boneca na Mochila", que mostra uma mãe chamada à escola após uma boneca ser encontrada dentro da mochila de seu filho.

Os filmes indicados na cartilha tucana foram feitos pelas mesmas instituições que produziram os vídeos do material do MEC e que, em várias ocasiões, Serra desqualificou. Em entrevista à Folha publicada anteontem, por exemplo, ele disse que projeto do MEC usou material de "doutrinação, malfeito".

Apelidado por líderes religiosos de "kit gay", o projeto do MEC foi criticado pelas bancadas católica e evangélica do Congresso e foi suspenso pela presidente Dilma Rousseff, que declarou que não permitiria "a nenhum órgão do governo fazer propaganda de opções sexuais".

Questionado, Serra disse que seu material é "diferente". "O nosso material é correto e dirigido aos professores", afirmou. "Não é só voltado à questão sexual, mas também a preconceito de classe, preconceito religioso. Não tem nada a ver com o desastrado kit gay do Haddad." Irritado, o tucano disse que a reportagem do site da Folha tinha "o dedo do Zé Dirceu".

Já Haddad disse que Serra "mentiu pela segunda vez" para atingi-lo com a polêmica do chamado "kit gay". Ele afirmou ainda que o tucano "omitiu" o fato de o Estado já ter produzido uma cartilha anti-homofobia para "confundir a opinião pública".

"Ele havia dito que não havia nenhum material neste sentido. Aí se desmente no dia seguinte. É muita desinformação para confundir a opinião pública."

A Secretaria Estadual de Educação disse que "concluir que há qualquer semelhança" entre a sua cartilha e o material do MEC é "mentira eleitoral": "A publicação (...) trata de temas como bullying, violência, drogas, gravidez na adolescência, diversidade sexual, entre outros. Não faz propaganda de opção sexual", afirmou a secretaria.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.