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Retrocesso político ameaça mídia, diz FHC

Ex-presidente aponta surgimento de uma espécie de 'democracia autoritária' em países como Venezuela e Argentina

Declarações foram em evento da Sociedade Interamericana de Imprensa, que enviará uma missão a Argentina

DE SÃO PAULO

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que países da América Latina vivem um retrocesso político, de caráter autoritário, com reflexos sobre a liberdade de imprensa.

"Estão inventando uma espécie de democracia autoritária: ganha pelo voto e governa atacando a oposição", afirmou em debate na 68ª Assembleia Geral da SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa), que acontece em São Paulo. FHC participou da discussão com Alan García, ex-presidente do Peru.

FHC referia-se a Venezuela, Equador e Argentina, onde foram aprovadas leis que restringem a ação da imprensa, na visão da SIP, e presidentes costumam atacar os jornais com virulência.

No Brasil, disse, há também um "pendor autoritário", mas com grau menor de violência, quando governantes dizem "que o inimigo é a imprensa".

García afirmou que o ataque a jornais virou estratégia populista: "Os políticos perceberam que atacar a imprensa como rica, mentirosa e monopolista ganha eleições".

Um relatório apresentado pelo representante da SIP na Argentina diz que a imprensa local enfrenta um "clima hostil" por causa de ações do governo. No domingo, o presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da SIP, Gustavo Mohme, defendeu o envio de uma missão a Argentina para se solidarizar com os donos dos veículos de comunicação daquele país.

A missão deve protestar contra a entrada em vigor da chamada Lei de Meios, que obrigará o grupo que edita o jornal "Clarín" a se desfazer de algumas concessões.

A presidente Dilma Rousseff não compareceu à abertura do evento. Júlio César Mesquita, do jornal "O Estado de S. Paulo", comparou a ausência com a do ex-presidente Fernando Collor, em 1991. A assessoria de Dilma disse que ela teve problema na agenda.

PROTESTO

Cerca de 40 manifestantes, reunidos pelo coletivo Intervozes e apoiados por organizações como a CUT e o MST, protestaram contra a SIP por não citar a liberdade de imprensa "para todos" e "não colocar diversidade e pluralismo como referências" para o setor.

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