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Todo santo dia

NESTA RETA final, com pouca chance na intenção de voto, a pauta de José Serra deixa para trás a homofobia, volta para a saúde, mas não sai da igreja.

Começando pelo debate na Band, avançando pelo horário eleitoral gratuito até ontem e terminando no game on-line "Angry Haddad", o apelo agora é para não deixar o adversário "destruir", "arrasar" a saúde de São Paulo.

Haddad, eleito, acabaria com as parcerias que garantem que organizações cristãs administrem hospitais, como Santa Marcelina, com dinheiro público.

No total, segundo a propaganda tucana de ontem, o petista fecharia "cinco hospitais, 139 AMAs [Assistências Médicas Ambulatoriais] e outras 237 unidades de saúde", demitindo "30 mil profissionais".

Haddad chegou a responder na propaganda eleitoral de domingo, mas não voltou ao assunto, ontem à tarde, e precisou fazê-lo depois, na cobertura. Ele e Lula, que atacou em palanque a "central de boatos todo santo dia".

Mais importante, repetindo o que fez com o kit anti-homofobia, o ex-ministro trata de ceder e apelar às mesmas organizações.

Conseguiu o apoio de diversas igrejas evangélicas, ontem, em manifesto que sublinha a "manutenção e ampliação de parcerias entre a Prefeitura de São Paulo e as entidades mantidas por instituições religiosas com o objetivo de atender a demandas sociais".

Também prepara com o carismático Gabriel Chalita uma visita às irmãs marcelinas, inicialmente prevista para ontem. Elas controlam quase 50 unidades de saúde, inclusive dois hospitais.

Por outro lado, registre-se que a pauta cristã anterior, da homofobia, conseguiu gerar ação contrária, no movimento Existe Amor em SP, com protesto de milhares na praça Roosevelt e show de Criolo, Emicida e Karina Buhr.

É cedo para fechar balanço, mas a campanha deste ano parece indicar derrota do discurso homofóbico, quase sempre da pior televisão, da Igreja Universal de Edir Macedo ao Ratinho, e com o consentimento interessado de Lula.