Índice geral Poder
Poder
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Mauro Paulino

História trazida pelos números

Após uma campanha cheia de reviravoltas, São Paulo repete o mesmo padrão das disputas anteriores

FERNANDO HADDAD (PT) deve derrotar José Serra (PSDB) hoje, na eleição das reviravoltas. Abaladas durante a disputa, as previsões de polarização entre os dois principais partidos afinal se confirmaram.

Há sete meses, o potencial de crescimento do petista desconhecido era demonstrado pelo Datafolha. Naquele momento, após anunciar sua pré-candidatura, Serra, famoso, descolava-se de Celso Russomanno (PRB) atingindo 30% das intenções de voto, dez vezes mais do que os 3% de Haddad, ainda um projeto de Lula.

Mas o propulsor das surpresas foi Russomanno, íntimo do público graças à imagem lapidada por anos na TV, surfou no desconhecimento do estreante petista e na crescente rejeição a dupla Serra/Kassab. Avançou de forma contínua ultrapassando o tucano antes mesmo do horário eleitoral. Sua popularidade disseminada entre os mais conservadores até os liberais, surpreendia.

Com duas semanas de campanhas no ar, a exposição em massa dos adversários nem sequer resvalou nos 35% do líder, então no ápice. Nesse curto período o petista dobrou suas intenções de voto enquanto o tucano enfrentava rejeição crescente e queda nas preferências. Alguns, precipitados, já descartavam o futuro vencedor do primeiro turno.

Vieram as campanhas negativas com temas afeitos à moral e religião, alheios ao DNA da vida real de cada bairro, e que nada interferiram na dinâmica do voto. Decisivo foi o questionamento de Haddad a Russomanno sobre as tarifas de ônibus proporcionais ao trajeto, tema caro aos que moram longe do centro, eleitores recorrentes do PT. Em 15 dias o defensor das causas públicas virou estorvo e perdeu metade dos votos que se distribuíram mais para Haddad, beneficiando também Chalita e até Serra. Completado no dia da eleição, esse movimento embolou a disputa na última hora e culminou na tardia polarização.

Repetindo todas as disputas paulistanas anteriores, o segundo turno mostrou-se estável do início ao fim, com os eleitores concentrados em apenas um dilema, resultando em amplo favoritismo de uma das candidaturas. São Paulo muda, mas mantém um padrão.

COLUNISTAS NAS ELEIÇÕES segunda: André Singer; terça: Nelson de Sá; quarta: Vera Magalhães; quinta: Alexandra Moraes; sexta: Eduardo Graeff; sábado: Leandro Machado/Leandro Narloch; domingo: Mauro Paulino

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.