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Especial/Eleições 2012

Entrevista - Fernando Haddad

Petista promete cobrar verba atribuída a Maluf em Jersey

NOVO PREFEITO DIZ QUE TENTARÁ REAVER DINHEIRO QUE TERIA SIDO DESVIADO POR ALIADO, MAS DEFENDE SUA PRESENÇA EM COMEMORAÇÃO

Marlene Bergamo/Folhapress
O prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad, durante entrevista
O prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad, durante entrevista
VERA MAGALHÃES EDITORA DO PAINEL BERNARDO MELLO FRANCO LUIZA BANDEIRA DE SÃO PAULO

Eleito com apoio do PP de Paulo Maluf, o novo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, diz que vai cobrar na Justiça a repatriação de verbas que teriam sido desviadas do município para contas no paraíso fiscal da ilha de Jersey.

De acordo com o Ministério Público, estão em jogo cerca de US$ 22 milhões.

Em julho, durante a campanha, ele havia se recusado a responder a essa pergunta.

Apesar de dizer que pretende recuperar o dinheiro, Haddad defende a presença do novo aliado em sua festa da vitória, no domingo passado.

Ele também diz que receberá "de bom grado" o apoio do prefeito Gilberto Kassab (PSD), a quem fez dura oposição durante a campanha.

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Folha - Paulo Maluf é procurado pela Interpol e acusado de desviar verbas milionárias da prefeitura. O sr. considerou adequada a presença dele na festa pela sua eleição?
Fernando Haddad - Nós temos um regime representativo. Paulo Maluf é deputado, tem um mandato.
Seu partido me apoiou. Não vejo nenhum impedimento a que a pessoa participe de um evento público para manifestar sua satisfação com a minha eleição.

O partido dele, o PP, terá cargos na sua gestão?
Vamos começar a discutir esse assunto na semana que vem. Será um governo de coalizão, mas vou precisar de gestores nas secretarias.

O município pede a devolução de recursos que teriam sido desviados para Jersey na gestão Maluf. O sr. dará andamento a essa cobrança?
A prefeitura, na minha gestão, vai cumprir a lei. O prefeito não tem o direito de decidir dar ou não seguimento a essa iniciativa.
É um dever, não um direito. Não há o que se fazer.

O sr. acredita que esse dinheiro foi desviado por Maluf?
Não conheço o processo. Se a Justiça tomar essa decisão, o resgate é imperioso.

O sr. atacou a gestão Kassab na campanha. Agora amenizou as críticas, e o prefeito já fala em apoiá-lo na Câmara. Sua opinião sobre ele mudou depois da eleição?
Na eleição, você demarca divergências. O eleitor diz para onde ele quer que a cidade caminhe. O recado foi dado.
De quem quer que queira me ajudar, eu recebo o apoio de bom grado.

Na oposição, o PT sempre afirmou que a base de Kassab era fisiológica. O sr. acha que esses mesmos vereadores vão apoiá-lo por idealismo?
Em Brasília [quando era ministro da Educação], foi por idealismo. Dei tratamento republicano aos parlamentares da oposição.
Vou fazer um governo de coalizão, dividindo responsabilidades com os partidos que nos apoiarem. Isso significa expressar na equipe as forças da maioria na Câmara.

O PSD de Kassab vai apoiá-lo?
Depende de decisões estratégicas que o PSD tomar no plano nacional. Ele está votando com o governo federal há um ano e meio sem fazer uma única indicação [de cargos na gestão Dilma].

Em troca desse apoio, Kassab poderá contar com uma blindagem contra a investigação de contratos da sua gestão?
Isso não funciona assim. Se alguém prometer blindar alguém, está mentindo. As instituições estão funcionando, e eu vou criar a Controladoria-Geral do Município.
Quem assume o governo tem a obrigação de se apropriar dos mínimos detalhes da máquina para explorar possibilidades de economia de recursos públicos e melhoria da eficiência nos gastos.
Uma das primeiras coisas é seguir as orientações dos órgãos de controle. Se a área técnica do tribunal está apontando deficiência de controle numa área, quem está chegando tem dever de seguir.

O sr. pediu à presidente Dilma a renegociação da dívida com a União. Isso será feito?
Posso praticamente afirmar que a dívida será renegociada. Há dos dois lados a compreensão de que o contrato não serve às partes. Não é objetivo da União enriquecer às custas do município.

A situação se agravou porque a gestão Marta Suplicy (PT) deixou de pagar uma parcela da dívida. Ela errou?
Com que recursos seria paga? O contrato foi feito para inviabilizar. A prefeita e o secretário de Finanças [João Sayad, então chefe de Haddad] constataram o óbvio.
Não havia, naquele momento, nenhuma condição de angariar os recursos que o contrato previa.

José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares comemoraram sua vitória com um churrasco. Agora que o sr. venceu, o PT pode se ver livre para fazer desagravos a quem foi condenado no mensalão?
Infelizmente, a coincidência de calendários gerou um ruído que talvez fosse dispensável. Se o julgamento tivesse acontecido um ano antes, um ano depois...
Um dos efeitos da sobreposição foi a politização de um julgamento que todos desejavam técnico, com base nos autos e tudo mais. É natural que o calor tenha contaminado um pouco o debate, que devia ser mais sereno.
Isso acabou prejudicando não a minha candidatura propriamente, mas o debate sobre a cidade.


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