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Polícia desmonta esquema de venda de dados sigilosos
Operação descobriu duas quadrilhas que atuavam em cinco Estados e no DF
Dirigente de futebol contratou grupo, mas diz que se afastou ao receber oferta de dados protegidos por sigilo
A Polícia Federal deflagrou ontem uma operação para desmontar duas quadrilhas que vendiam dados sigilosos e faziam remessas ilegais ao exterior em cinco Estados e no Distrito Federal.
Batizada de Durkheim, a operação prendeu 33 pessoas. Os investigados respondem por crimes com penas de um a 12 anos de prisão.
Na ação a PF chegou ao advogado Marco Polo Del Nero, presidente da Federação Paulista de Futebol. Cotado para ser o próximo presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Del Nero é suspeito de usar serviços da quadrilha por meio de seu escritório. Ele diz que contratou a empresa, mas se afastou ao receber a oferta de dados protegidos por sigilo (leia texto ao lado).
As duas quadrilhas atuavam separadamente, mas se interconectavam por meio de policiais federais, civis e militares. A PF chegou ao caso após o suicídio de um policial federal que também participava da quadrilha, ocorrido em 2009, em Campinas (SP).
Segundo o delegado Julio Cesar Paiva Filho, a quadrilha já tinha atuado no esquema que direcionava licitações e arrecadava propinas em obras da Sanasa, empresa de água e esgoto de Campinas.
Uma das organizações obtinha dados sigilosos de empresas e pessoas físicas. Por R$ 300 era possível obter a conta telefônica de um cliente. Também entravam na lista declarações de renda, extratos bancários e atestados de antecedentes criminais.
O delegado Valdemar Latance Neto estima que cerca de 10 mil nomes possam ter tido o sigilo quebrado. Ao menos 180 foram confirmados. Entre eles estão um senador, um ex-ministro e dois prefeitos. Foram afetados ainda a filial de uma emissora de TV, um banco e outras empresas.
A outra organização enviava dinheiro ao exterior por atividades de câmbio sem autorização do BC. A PF localizou sete grupos ligados a doleiros. Cada operação movimentou até R$ 5 milhões. A PF está cumprindo 87 mandados de busca. Até agora foram apreendidos 27 veículos e R$ 600 mil em dinheiro (em real, dólar e euro).
Ontem, Del Nero prestou depoimento "coercitivo" [iria preso se não comparecesse]. Os policiais fizeram busca em sua casa e apreenderam documentos e computadores.
O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, disse no Rio que o Comitê de Ética da Fifa é livre para fazer "qualquer tipo de investigação".
Colaboraram MARCEL RIZZO e SÉRGIO RANGEL