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Falha humana provocou apagões, diz Dilma

Responsabilizar raios por queda de sistema é piada, afirma presidente, que admite redução nos gastos com manutenção

Em café com jornalistas, ela diz que o PT não é perfeito, 'como qualquer obra humana', mas defende o partido

DE BRASÍLIA

A presidente Dilma Rousseff disse ontem durante café da manhã com jornalistas que os recentes apagões não podem ser atribuídos a raios ou a falta de investimento, mas sim a "falha humana".

"O dia em que falarem para vocês que é raio, gargalhem. Cai raio todo dia nesse país. Raio não pode desligar o sistema, se desligou é falha humana", disse, admitindo que, apesar dos investimentos em geração e transmissão, houve redução nos gastos com manutenção.

Durante a entrevista, Dilma afirmou também, sem citar números, que o país vai crescer mais em 2013.

Ela evitou fazer previsões sobre juros e câmbio e negou ainda qualquer possibilidade de demissão do ministro Guido Mantega (Fazenda), que errou ao estimar um crescimento maior para o Brasil do que o "pibinho" de 1% previsto para este ano.

No café da manhã, que durou cerca de uma hora e meia, Dilma defendeu seu partido ao ser questionada sobre como avaliava a reação do PT ao julgamento do mensalão. "Como qualquer obra humana, [o PT] não é perfeito", disse Dilma, petista desde 2001. Ela destacou, contudo, que a legenda "deu e dá" grandes contribuições ao país.

Ela se recusou, porém, a avaliar o julgamento feito pelo Supremo Tribunal Federal, afirmando que os ministros, depois de indicados por ela, "têm distância integral".

"Como presidente da República, eu não posso dizer algo que possa interferir" em decisões de outros Poderes, afirmou Dilma.

Na entrevista, ela disse ainda não ter se arrependido de nomear Luiz Fux para o STF. "Não me arrependo de nada. Estou muito velha para isso."

Segundo ministros do governo, Fux teria dito, antes de ser nomeado, que não via provas contra os petistas, mas acabou condenando todos durante o julgamento.

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Apagão
Em tom professoral, a presidente se levantou e mostrou mapas com distribuição de raios nos últimos dias no Brasil. "Não é sério dizer que a culpa é do raio. Teve falha humana", disse Dilma, lembrando que "raio é derivado de chuva, que é crucial para o sistema funcionar".
Para a presidente, por exemplo, o apagão que deixou o aeroporto do Galeão às escuras no dia 24 de dezembro e a pane no ar condicionado do aeroporto Santos Dumont, ambos no Rio de Janeiro, são resultado da "falha humana" porque não houve antecipação de problemas nem planejamento para enfrentá-los.
Ela afirmou ainda que é "ridículo dizer que vai ter racionamento de energia" no Brasil, destacando que hoje não há falta de energia no país.

PT
Dilma defendeu seu partido, que disse não só respeitar como integrar. "O PT é um dos grandes produtos da democratização do Brasil. Como qualquer obra humana, não é perfeito, mas deu e dá grandes contribuições ao país", afirmou.
A presidente, que trocou o PDT pelo PT em 2001 quando era secretária do petista Olívio Dutra no Rio Grande do Sul, elogiou os feitos da legenda que comanda o país há uma década.
"O Brasil deve muito a tudo que o PT fez", afirmou.

STF e o mensalão
Ao ser questionada sobre o resultado do julgamento do mensalão, a presidente foi logo dizendo: "Vocês não vão me ver falar sobre decisões de outros Poderes. Como presidente, eu não estaria contribuindo para a governabilidade deste país", afirmou.
Segundo ela, a autonomia dos três Poderes é uma "pedra basilar da democracia". Acrescentou que, depois de indicar ministros para o Supremo, eles "têm a distância integral" dela.

Sucessão presidencial
Dilma disse que "nem amarrada" fala sobre sucessão presidencial. "Eu estaria antecipando 2014. Não vou antecipar o fim do meu mandato", afirmou.

Popularidade
A presidente desfruta de alto índice de aprovação popular (62% acham a administração ótima ou boa, segundo o Datafolha), mas tem recebido críticas da imprensa internacional por conta do frustrante crescimento econômico do Brasil. No café, ela afirmou que "tem hora que a gente não pode querer que todos gostem da gente". Segundo a própria Dilma, ela não é "muito popular" em alguns meios. "Fico feliz em ser popular junto à população".

Crescimento, juros e câmbio
Dilma disse que fará tudo para que o PIB (Produto Interno Bruto) seja o "maior possível" em 2013, sem citar números nem comentar as previsões para este ano, que indicam um crescimento de apenas 1%.
Indagada se o governo poderia reduzir ainda mais os juros, hoje em 7,25%, e desvalorizar mais o real para fazer o país crescer, Dilma disse que quem fala sobre esses temas é o Banco Central.

Aventuras
Dilma procurou rechaçar críticas de que seu governo pode perder o controle sobre a inflação e abandonar a austeridade fiscal. "Queremos inflação sob controle, contas públicas sob controle e faremos que haja um déficit nominal decrescente", afirmou.
Segundo ela, é preciso ter "muita cautela, muito cuidado" na macroeconomia e evitar "aventureirismos". Questionada se o governo poderia reduzir a meta de superávit primário, hoje de 3,1% do PIB, limitou-se a dizer que o "superávit é aquele que a Fazenda vai anunciar".

Mantega
"O [Guido] Mantega não tem a menor hipótese de sair do meu governo, a não ser que queira", disse a presidente, voltando a negar a possibilidade de demissão de seu ministro da Fazenda, que foi sugerida pela revista britânica "The Economist".

Sátira
Dilma comentou em tom bem-humorado que achou estranho ser caracterizada como uma rena num blog do jornal "Financial Times". Como não existe esse animal no Brasil, ela disse que preferia ser um "anão" ou uma "elfa", ajudante do Papai Noel.
Minutos depois, retomou o tema. "A rena é bem engraçadinha, não se incomodem com isso". No conto publicado no blog do jornal britânico, Papai Noel afirma que os personagens deste Natal são os mesmos de 2011, exceto pela mudança do representante da América Latina -sai Dilma e entra Enrique Peña Nieto, novo presidente do México- e pelo novo líder chinês Xi Jinping.
"Você não pode me rebaixar!", protestou Dilma na sátira britânica.
Questionada se é o México quem vai puxar o trenó do crescimento, a presidente respondeu: "Vai querendo".


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