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Autores da morte de Rubens Paiva poderão ser identificados

Coordenador da Comissão da Verdade diz que novo texto comprovará morte pelo Exército

Ex-deputado federal desapareceu há exatos 42 anos, quando foi levado para depor no DOI-Codi, no Rio

PATRÍCIA BRITTO DE SÃO PAULO

O coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Cláudio Fonteles, divulgará em fevereiro um texto que, segundo ele, ajudará a identificar os responsáveis pela morte do ex-deputado federal Rubens Paiva, desaparecido há 42 anos pela ditadura militar.

Fonteles já havia anunciado que o texto de sua autoria comprovará que Paiva foi morto por agentes da ditadura no DOI-Codi -um dos principais centros de repressão do regime-, no Rio de Janeiro.

Apesar de não identificar os autores do assassinato, o coordenador afirma que os novos documentos ajudarão a chegar até eles. "Pode se chegar sim [a essas pessoas], esses textos vêm para isso."

Em novembro, foi descoberta a ficha de entrada de Rubens Paiva em uma unidade do DOI-Codi no Rio. Até então, não havia prova documental da presença dele no local, apenas testemunhos.

Agora, o coordenador da Comissão da Verdade afirma que novos documentos originários dos centros de informações das Forças Armadas e encontrados no Arquivo Nacional, em Brasília, desconstruirão a versão oficial para o desaparecimento de Paiva.

Dos quatro documentos que ele analisa há quase dois meses, um será "novidade absoluta", afirma.

Junto com esses, Fonteles também divulgará estudos sobre a estrutura do Estado ditatorial militar.

DESAPARECIMENTO

Deputado crítico do regime militar, Rubens Paiva teve o mandato cassado pelo AI-1 (Ato Institucional nº 1), em 1964, e os direitos políticos suspensos por dez anos.

Em 20 de janeiro de 1971, foi procurado por agentes da ditadura em sua casa e levado para prestar depoimento no DOI-Codi da Tijuca, zona norte do Rio. Tinha 41 anos. Desde então, nunca mais foi visto pela família.

A versão oficial sustentada pelo Exército é a de que o ex-deputado fugiu dos militares quando era levado para o reconhecimento de um local na cidade. Relatos de testemunhas, contudo, indicam que Paiva morreu sob tortura.

Essa também é a hipótese mais provável na opinião de familiares, como Vera Paiva, filha do ex-deputado.

Ela afirma que a forma que encontrou de homenagear o pai é denunciar as violações aos direitos humanos que, segundo ela, ainda acontecem no país. "As prisões e os desaparecimentos arbitrários continuam. Todo dia tem notícia desse tipo", disse.

A defesa pela garantia dos direitos fundamentais, diz Vera, foi o que motivou a morte do pai. "Meu pai não morreu por nada. Ele morreu porque defendia isso."


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