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Ex-senador forneceu à PF endereço que não existe

Apesar de morar em São Paulo, Gilberto Miranda informou residir em Barcelona

Criminalistas dizem que ação pode ser tentativa de atrasar processo; Miranda é investigado na Operação Porto Seguro

MARIO CESAR CARVALHO DE SÃO PAULO PATU ANTUNES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE BARCELONA

Qualquer fotógrafo de celebridades sabe que o ex-senador Gilberto Miranda mora na rua Alemanha, no Jardim Europa, um dos pontos mais caros da zona sul de São Paulo.

Para a polícia e para os registros de empresas, porém, Miranda informa que não tem domicílio no Brasil, mas sim em Barcelona, na Espanha. Levantamento feito pela Folha no registro de imóveis daquela cidade e no local mostram que o apartamento em que ele diz morar não existe.

Miranda, denunciado na Operação Porto Seguro sob acusação de participar de esquema de compra de pareceres em órgãos do governo federal, disse à Polícia Federal e à Junta Comercial de São Paulo que mora na calle Pujades, 235, terceiro andar, quarta casa, em Barcelona.

O número 235 da calle Pujades só tem dois andares e um apartamento por andar, e não quatro, como o endereço que ele forneceu sugere.

Miranda tem uma fortuna estimada por ele próprio, em conversas com amigos, em cerca de R$ 1 bilhão. O endereço que forneceu, porém, fica em um bairro de classe média baixa. No endereço, há só dois apartamentos, um ocupado por uma família, outro, por uma empresa.

Nas procurações que dá aos advogados, Miranda também informa esse endereço de Barcelona e diz que está "de passagem por esta capital", referindo-se a São Paulo, onde ele mora de fato.

A Folha consultou o endereço no cadastro nacional do Ministério da Fazenda e no registro de propriedades da Espanha. No registro, a resposta foi: "Para este endereço não aparece nenhum imóvel". No cadastro nacional também não há registro.

Miranda é cidadão espanhol desde 2008.

Fornecer um endereço inexistente à PF e à Justiça pode, em tese, caracterizar o crime de falsidade ideológica.

Três criminalistas ouvidos pela Folha dizem que a prática é uma das formas de tentar atrasar os processos.

Como tem cidadania estrangeira, Miranda pode alegar que deve ser interrogado por carta rogatória enviada a um juiz daquele país. Um endereço fictício levaria o juiz a não conseguir cumprir o pedido brasileiro.


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