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Análise

Dilma inaugura estilo 'reality show' de demissão de ministros emparedados

VERA MAGALHÃES
DE SÃO PAULO

Um a um, ministros "emparedados" por acusações de irregularidades em suas pastas vão caindo no governo Dilma Rousseff -que, meio sem querer, inaugurou o estilo "reality show" de demissões no primeiro escalão.
O roteiro até aqui é sempre mais ou menos o mesmo. A partir da primeira acusação de "malfeito", para usar o jargão presidencial, o ministro vai parar na berlinda.
Como num programa em que os participantes tratam de queimar os rivais, começa aí um processo que inclui rasteiras, puxadas de tapete e sabotagens dos aliados e, muitas vezes, dos próprios correligionários da bola da vez.
No reality show da Dilma, a oposição faz o papel do telespectador ao qual resta torcer pela eliminação de turno.
A presidente atua como a diretora da atração, que determina quanto um ministro vai sangrar e quando é a hora de mandá-lo para a casa.
Resta saber por que essa lógica se estabeleceu. A análise dos seis casos de quedas de ministros até aqui mostra que o marketing da "faxina", que o Palácio do Planalto quis vender no início, ajudou que fosse dessa maneira.
Quando Dilma cansou da metáfora e o número de caídos deixou de simbolizar faxina e passou a representar demolição, era tarde demais para mudar o script.
A presidente tentou manter Carlos Lupi, na esperança de que a história, a princípio menos contundente que as anteriores, se dissipasse.
As mentiras em que o próprio emparedado se enredou, bem como a fritura a que seu partido, o PDT, passou a submetê-lo, praticamente selaram o desfecho -que deve se dar no máximo até amanhã, com a eliminação do sétimo candidato ao "BBB federal".
Assim roteirizada, a troca de ministros não busca uma mudança de rumos nas pastas. Os eliminados são substituídos por outros da mesma sigla, para desempenhar o mesmo papel na coalizão.
Resta saber se a lógica de reality show vai vigir na reforma ministerial ou se Dilma vai rasgar o script e mudar de fato a cara do governo.

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