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Empresa pagava despesas de Chalita, diz ex-colaborador

Ministério Público investiga relações de deputado com empresa que tinha negócios com Secretaria da Educação

Deputado do PMDB nega as acusações, afirma não haver provas e que objetivo é atingir sua imagem

MARIO CESAR CARVALHO JOSÉ ERNESTO CREDENDIO DE SÃO PAULO

O Ministério Público Estadual abriu 11 inquéritos para investigar o deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP) por suspeita de corrupção, enriquecimento ilícito e superfaturamento de contratos públicos.

As investigações partem de quatro depoimentos de um analista de sistemas que diz ter sido assessor informal de Chalita na época em que ele foi secretário estadual da Educação, entre 2002 e 2006.

O analista, Roberto Leandro Grobman, 41, trabalhou durante anos com o grupo educacional COC e diz ter sido indicado para se aproximar de Chalita para prospectar negócios para o grupo.

Segundo ele, o COC pagou despesas com a locação de aviões e helicópteros, viagens, presentes e uma reforma feita num apartamento de Chalita em Higienópolis, na zona central de São Paulo.

O grupo também comprou milhares de livros escritos por Chalita e computadores para a emissora de televisão da Canção Nova, grupo católico ao qual o deputado é ligado.

Em nota à Folha, Chalita negou todas as acusações e afirmou que o objetivo de Grobman é atingir sua imagem.

Seu advogado, Alexandre Moraes, pediu ao Ministério Público Estadual que arquive os inquéritos argumentando que Grobman não apresentou provas que sustentem suas acusações.

O promotor Nadir de Campos Jr., que conduz dois dos 11 inquéritos, discorda do pedido: "Foi relatada uma história que parece ter começo, meio e fim. É minha obrigação funcional investigar".

O Conselho Superior do Ministério Público de São Paulo examinará a possibilidade de arquivar um dos inquéritos na próxima terça-feira.

"GOLDEN NUMBER"

Em seus depoimentos, Grobman disse que Chalita cobrava 25% de propina sobre o valor dos contratos que assinava com fornecedores da secretaria e chamava esse percentual de "golden number" (número dourado).

Parte do dinheiro era guardada num cofre na secretaria, na sala que era ocupada pelo braço-direito de Chalita, o atual prefeito de Santos, Paulo Barbosa (PSDB), segundo o analista. Depois, era levado para o apartamento de Chalita em caixas de papelão, afirmou Grobman.

O analista conta que foi indicado para trabalhar com Chalita pelo empresário Chaim Zaher, dono do grupo educacional COC até 2010, quando vendeu o negócio para o grupo britânico Pearson.

Uma empresa ligada ao COC, a Interactive, vendeu R$ 2,5 milhões em software educativo para a Secretaria da Educação no período em que ela era chefiada por Chalita. Grobman era sócio da firma.

O analista disse que ajudou na reforma do apartamento de Chalita, acompanhando as obras e negociando com fornecedores, frequentou o imóvel e acompanhou o secretário em viagens a Paris, Madri e Nova York.

Segundo ele, Zaher gastou US$ 600 mil com a reforma e pagou os serviços de uma das empresas que participaram das obras, a Valverde, fazendo depósitos numa conta no Bank of America, na Flórida.

O dono da Valverde, Cesar Augusto Valverde, confirmou à Folha que recebeu pagamentos pela reforma em sua conta nos Estados Unidos, mas afirmou que não sabe quem fez os depósitos.

No período em que Chalita era secretário, o COC comprou 34 mil exemplares de um de seus livros, "Pedagogia do Amor". Zaher afirma que os livros foram distribuídos a funcionários do COC.

A relação com Chalita continuou após sua saída do governo, quando ele assinou um contrato para fazer palestras para o grupo, pelo valor de R$ 30 mil por palestra, segundo a assessoria do COC.

Grobman diz que decidiu procurar o Ministério Público porque sentiu-se "abandonado" por Chalita e pelo COC. Chalita é a principal aposta do PMDB para o governo do Estado de São Paulo nas eleições de 2014. Candidato derrotado à Prefeitura de São Paulo em 2012, nas últimas semanas ele teve seu nome cotado para assumir um ministério no governo Dilma.


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