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Ciro vê como natural futuro rompimento do PSB com o PT

Para ex-deputado, que admite disputar Presidência mais uma vez, sigla 'subalternizou-se', e petistas já 'liquidaram' PC do B e PDT

FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA

Ciro Gomes voltou. Depois de passar parte deste ano recolhido, o ex-candidato a presidente da República duas vezes disse ontem considerar "natural" que "em algum momento" o PSB se desgarre do PT no plano nacional. E que ele está pronto para ser novamente candidato ao Planalto. "Admito", declarou.
Aos 54 anos, preparando-se para ser avô, ex-fumante ("só fumo um narguilé de vez em quando") e "dez quilos mais gordo", Ciro deu entrevista à Folha e ao UOL.
Depois de passar por PDS, PMDB, PSDB e PPS, agora é filiado ao PSB -"eu tive um problema na minha militância política de inconstância partidária"-, ele falou sobre cenários para 2014.
Indagado se o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente do PSB, seria o candidato mais forte ao Planalto entre os partidos governistas, respondeu: "Hoje o mais forte ainda sou eu. Mas ele tem potencial para superar tranquilamente".

2014
Embora diga que não deseja ser "candidato a nada", Ciro admite ser disputar a Presidência novamente.
Hoje, sobrevive dando palestras e com salário pago por uma fundação do PSB.
Ele acha que o rompimento entre o PT e o PSB no plano nacional dependerá do que vai acontecer com sua atual legenda, que no momento "subalternizou-se".
Se houver a separação, "a gente tem de ser decente e correto com ela [Dilma]", afirma. Como? "Você não pode ir para a oposição sem entregar os cargos. Sem anotar lealmente quais são as nossas questões".
Questionado se haverá o rompimento, Ciro diz que acha natural que isso vá acontecer "em algum momento". Afirma, porém, não saber se será mesmo em 2014.
"A não ser que o PSB comece a definhar. Mas o PSB vem crescendo. Crescendo, vai contrastar, nesse mesmo espaço, a hegemonia do PT."

INDEPENDÊNCIA
Para Ciro, o PT "já liquidou" o PC do PB e o PDT. E "nós [PSB] seremos o próximo". Ou seja, a única saída seria viabilizar uma caminhada autônoma para que o partido sobreviva eleitoralmente no plano nacional.
Em Fortaleza (CE), Ciro prega o rompimento já do PSB com a atual prefeita, Luizianne Lins (PT). Quer um candidato próprio de seu partido a prefeito da capital cearense em 2012.
Ciro acredita que o PT na administração federal "cooptou tudo o que é sociedade civil organizada no Brasil".
"Tudo. Centrais sindicais, movimento estudantil. 'Tá tudo dominado'. Agora até a ADA, Amigos dos Amigos [facção criminosa de narcotraficantes do Rio] que era lá do Nem [traficante preso em operação da policia] na Rocinha acabou-se também. Então os movimentos de trabalhadores e de estudantes no Brasil estão acéfalos."
Dilma Rousseff, vaticina Ciro, "tem uma crise anunciada pela frente". A proporção "dependerá de dois fatos muito relevantes.
Um é o nível de crise econômica. O outro é o comportamento do PT nas eleições municipais". No caso do PT, ressalta: "O tamanho da goela não tem limite".
"Nenhum paulista, nesta conjuntura conseguiria ser presidente da República". Aí Ciro inclui Geraldo Alckmin e José Serra, ambos do PSDB.
Por quê? "Está crescendo no país um ressentimento recíproco entre São Paulo e o resto do Brasil (...) Todos os exercícios práticos da governança local, paroquial, provinciana de SP hostilizam."
Ele avalia que uma opção seria Aécio Neves (PSDB-MG).
Mas, para Ciro, mesmo Aécio tem "dois problemas". Um "é ler pouco". Segundo ele, o mineiro precisaria "compreender as coisas do país e formular".
"Não é com esse simbolismo de uma cordialidade, de um opositor cordial, que ele vai afirmar uma proposta que vá derrubar essa coalizão de forças que trouxe 29 milhões de pessoas [para a classe média]", afirma.
Sobre a aliança estratégica do PSB com a nova legenda do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, o PSD, Ciro demonstra ceticismo. "No 'pega pra capar', a gente não vai encontrá-lo [o PSD]", diz.
"O PSD é ilusão de ótica", afirma. E explica: "O PSD é o DEM. Sendo o DEM é aliado do Serra".

FOLHA.com
Leia a entrevista e assista ao vídeo
http://www.folha.com/no1008215

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