São Paulo, terça-feira, 01 de março de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
ANÁLISE Confuso, anúncio gera dúvidas sobre firmeza do governo no combate à inflação VALDO CRUZ DE BRASÍLIA Ao anunciar o detalhamento dos cortes de R$ 50 bilhões no Orçamento, o governo deu uma aula de como perder a guerra das expectativas, fundamental para convencer os agentes econômicos de que manterá a inflação sob controle. Em entrevista tumultuada ontem, os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Miriam Belchior (Planejamento) anunciaram medidas de consistência duvidosa, tentaram relativizar a importância dos cortes no combate à inflação e se preocuparam mais em dizer que a política econômica não mudou. Mais parecia um discurso dirigido ao mundo petista, e não ao mercado, que duvidou de saída da capacidade do governo de executar o corte de R$ 50 bilhões. Dúvida que se refletiu nas previsões sobre a inflação de 2011, que se mantiveram em alta desde a divulgação dos cortes há 20 dias, contrariando a expectativa inicial do governo de deter o pessimismo na economia. Em sua fala inicial, Guido Mantega mostrou-se mais preocupado em rebater avaliações de que o governo tomou um caminho ortodoxo na economia. "Fica essa confusão, o ministro mudou, o ministro não é mais aquele, fico preocupado com essas coisas." Seguindo essa trilha, chegou a dizer que o objetivo principal do ajuste fiscal "não é exatamente a inflação", discurso não muito afinado ao que reina no Palácio do Planalto, preocupado em garantir que não deixará o Banco Central sozinho no combate à inflação. De seu lado, Miriam Belchior se irritou com os insistentes questionamentos dos jornalistas sobre a consistência de cortes por meio de combate a fraudes no seguro-desemprego e ajuste fino nos gastos de pessoal. "Vou repetir pela terceira vez", afirmando que não anunciava nenhuma "missão impossível". Faltou os ministros lembrarem que o ajuste fiscal já tem data para ser revisto. Um corte extra de R$ 2,2 bilhões terá de ser feito por conta do reajuste de 4,5% da tabela do Imposto de Renda na fonte, ainda não previsto no Orçamento deste ano. Texto Anterior: Cortes na Defesa ameaçam acordo entre Brasil e França Próximo Texto: WikiLeaks: Telegrama revela críticas de Temer a Lula feitas em 2006 Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |