São Paulo, domingo, 01 de maio de 2011

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Entidade de compositores apura atuação de funcionários em fraude

Laranja foi utilizado para desviar pagamento de direitos autorais

MARCELO BORTOLOTI
DO RIO

A UBC (União Brasileira de Compositores) está investigando o possível envolvimento de funcionários na fraude que levou o Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) a pagar R$ 127,8 mil a um suposto compositor cadastrado na entidade como Milton Coitinho dos Santos.
Ontem a Folha revelou que o CPF usado para o cadastro na UBC é de um motorista que vive em Bagé, Rio Grande do Sul, e que se chama, de fato, Milton Coitinho dos Santos. O motorista, de 46 anos, afirmou jamais ter composto uma música, nem ter recebido direitos autorais.
Ele mora em uma casa modesta numa rua de terra na periferia de Bagé com a família e dirige um Gol 1996.
O suposto fraudador se cadastrou na UBC, uma das entidades que formam o Ecad, como autor de trilhas sonoras de dezenas de obras do cinema nacional.
Informou como endereço o hotel Palm Beach Resort, em Las Vegas. O hotel informou que não há nenhum hóspede com este nome.

SEM INQUÉRITO
De acordo com Marisa Gandelman, diretora-executiva da UBC, o golpe foi idealizado por alguém com acesso a informações restritas, como quais filmes tinham fichas técnicas com trilha sonora registradas na UBC.
Além de cadastrar fichas de filmes antigos que ainda não tinham registro, o autor do golpe modificou outras que já existiam, incluindo seu nome como co-autor.
"Queremos saber se existe um cúmplice aqui ou no Ecad", diz Gandelman.
As informações obtidas estão sendo encaminhadas para a Polícia Civil, mas segundo a diretora ainda não foi instaurado inquérito para apurar o crime.
Gandelman afirma que a fraude foi descoberta antes que novo pagamento fosse realizado. Ela também diz que a UBC já ressarciu todos os prejudicados na história.
Na semana passada, a pessoa que usa o nome de Coitinho mandou um e-mail para a UBC. Nele, diz que continua morando nos Estados Unidos e que não irá devolver o dinheiro porque já o gastou numa operação cirúrgica.
"Em suma, ele diz que, se a gente pagou, o problema é nosso. E que devemos abater em créditos futuros, mas ele não tem créditos a receber", diz Gandelman.
O Ecad não retornou o pedido de entrevista até o fechamento desta edição.


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