São Paulo, terça-feira, 01 de junho de 2010

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ANÁLISE

Falta substância ao discurso econômico dos candidatos

RICARDO BALTHAZAR
DE SÃO PAULO

Os dois candidatos que lideram a corrida presidencial continuam escondendo o jogo quando o assunto é economia. Cada um falou ontem por mais de meia hora sobre os problemas que o país precisa enfrentar para continuar crescendo, mas nenhum dos dois expôs com clareza o que planeja fazer para corrigi-los.
Numa entrevista na saída do fórum da revista "Exame", a petista Dilma Rousseff sugeriu que acha preciso aumentar a idade mínima de aposentadoria do país. Muitos especialistas acham a medida necessária para evitar a ruína da Previdência Social, mas defendê-la numa campanha eleitoral pode ser um ato suicida. Assim que percebeu o que havia dito, a candidata recuou e desconversou.
O tucano José Serra apontou mais uma vez o dedo para os juros altos e o câmbio valorizado como barreiras que travam a realização de investimentos no país. Mas ele não disse uma palavra sobre o que exatamente pretende fazer para reduzir os gastos do governo federal e criar o espaço necessário para mexer nas outras duas pernas da política econômica em vigor.
Dilma reconheceu que o país carece de fontes de financiamento para investimentos e disse que será preciso "confiar" mais no mercado de capitais, e não apenas nos cofres do BNDES. É uma música que os banqueiros adoram ouvir, mas faltou dizer o que ela fará para tornar o mercado tão atraente para as empresas quanto os juros camaradas do BNDES.
Serra lembrou que as concessões de algumas das principais usinas hidrelétricas do país estão prestes a vencer, sem que se saiba o que vai acontecer com elas. Quem ouviu o candidato ficou sem saber se ele é a favor de renovar as concessões ou prefere organizar leilões em que essas usinas poderiam ser oferecidas a novos investidores.


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