Senador do DEM ofereceu "traíra sem espinho" ao colega tucano durante almoço

ANDREZA MATAIS
RANIER BRAGON
DE BRASÍLIA

Enquanto a decisão sobre o vice de José Serra não saía, tucanos e democratas tiveram um encontro casual constrangedor em Brasília.
A cúpula do DEM foi almoçar na mesma churrascaria onde estava o senador Alvaro Dias (PSDB) -de quem a sigla pedia a cabeça para nomear um vice democrata.
Primeiro a chegar ao local, o tucano escolheu, por acaso, uma mesa ao lado da que estava reservada aos democratas. Não havia como disfarçar. Qualquer conversa ruidosa sobre a negociação era inviável.
Para quebrar o clima de desconforto, Dias brincou com o senador Heráclito Fortes (DEM-PI): "Do lado de cá não tem nenhuma informação ainda".
Heráclito disse que do outro lado também não havia notícia do acordo. "Ainda não há fumaça na Capela Sistina", disse, referindo-se de forma irônica ao palco dos conclaves no Vaticano.
Depois, o democrata disse que ofereceria uma "traíra sem espinho" ao colega tucano -mesmo prato servido na véspera, durante reunião do DEM em que se finalizava a decisão de substituir Dias.
Os democratas deixaram primeiro o restaurante. Formou-se então uma fila para que se despedissem de Dias.
O substituto do senador, que seria conhecido horas depois, foi o primeiro a cumprimentar o tucano. O deputado Indio da Costa (DEM-RJ) chegou até a sugerir que todos se sentassem juntos.
Dias quase aceitou, até perceber que atrás do deputado vinha toda a cúpula do partido. Agradeceu e voltou a se sentar, de costas para a mesa do DEM.


Texto Anterior: OAB avalia que greve já atrasa 240 mil processos
Índice