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Receita diz a Lula que advogado deu propina a servidora
Planalto usa tese da venda de dados para negar que quebra de sigilo de tucanos tenha conotação política
Sindicância do fisco diz
que Mauá era o ponto de venda; para o governo, investigação isentaria
PT de responsabilidade
KENNEDY ALENCAR
DE BRASÍLIA
A Corregedoria da Receita
Federal em São Paulo identificou que servidoras do órgão
em Mauá investigadas sob a
acusação de participar de um
esquema de violação de dados fiscais de pessoas ligadas
ao PSDB tinham como intermediário um grupo formado
por um despachante, um
contador e um advogado.
Parte dessa investigação
foi relatada ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. A
Folha apurou que a Receita
informou a Lula que um advogado ofereceu propina a
uma servidora da agência de
Mauá para quebra de sigilo.
A corregedoria já teria até
os valores envolvidos, em
torno de algumas centenas
de reais por documento impresso. Ao todo, a comissão
de inquérito encarregada do
caso listou 320 acessos a dados feitos a partir dos computadores das quatro servidoras investigadas.
Para a corregedoria, a
quebra do sigilo de contribuintes indica um esquema
de venda de dados fiscais.
GOVERNO
O Palácio do Planalto usa
essa conclusão para sustentar que não houve uma quebra de sigilo encomendada
pelo PT a fim de atingir pessoas ligadas a José Serra.
De acordo com essa versão, houve venda de sigilo
para agentes privados interessados em levar segredos
fiscais ao mercado político.
A preocupação é desvincular o PT da autoria ou do
mando da quebra de sigilo, o
que, se confirmado, prejudicaria a candidatura presidencial de Dilma Rousseff.
Dois auxiliares diretos de
Lula sustentam que, de acordo com essa linha de investigação, se houve intenção de
uso político na quebra, deve
ser atribuída a uma disputa
no PSDB entre Serra e Aécio
Neves (MG), que disputavam
a candidatura presidencial.
Segundo a versão do Palácio do Planalto, o repórter
Amaury Ribeiro, que viria a
ser contratado pela pré-campanha de Dilma, era funcionário do jornal "O Estado de
Minas" quando ocorreu a
violação dos sigilos que resultaram no dossiê contra tucanos ligados a Serra.
Esses dois auxiliares de
Lula sustentam que o "erro
político" do PT teria sido levar fatos apurados por Ribeiro para dentro da pré-campanha de Dilma. E ambos debitam esse erro na conta de Fernando Pimentel, ex-prefeito
de Belo Horizonte, que teria
tentado montar uma estrutura paralela na campanha.
Amaury Ribeiro afirma
que não obteve dados ilegais.
Pimentel nega ter elaborado
dossiê contra Serra. Dilma
nega ter feito qualquer pedido ou recebido dossiê, e, por
pressão de Lula, afastou Pimentel da coordenação.
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