São Paulo, terça-feira, 01 de novembro de 2011

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Lula tem tumor agressivo de grau 'médio', aponta biópsia

Ex-presidente inicia tratamento para combater câncer encontrado na laringe

Médicos acham chance de cura 'muito boa' e preveem alteração 'mínima' na voz como sequela da doença

Ricardo Stuckert/Divulgação/Instituto Lula
O ex-presidente Lula conversa com médicos do hospital Sírio-Libanês antes de começar quimioterapia

RODRIGO VIZEU
DE SÃO PAULO

DÉBORA MISMETTI
EDITORA-ASSISTENTE DE SAÚDE

O tumor na laringe do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é de "agressividade média" e está em estágio de desenvolvimento intermediário, concluiu biópsia divulgada ontem pelos médicos que o atendem no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
Lula começou ontem a combater a doença, internando-se para receber os medicamentos do primeiro dos três ciclos de quimioterapia que irá atravessar. Ele deverá sair hoje à tarde do hospital e receberá novas doses de medicamentos em casa.
Os médicos esperam concluir até fevereiro o tratamento, que incluirá radioterapia. O procedimento causará "efeitos colaterais usuais" como queda de cabelos, disse o oncologista Paulo Hoff, da equipe que acompanha Lula.
Hoff disse que a chance de cura é "muito boa", mas não quis estimar porcentuais. O estágio do tumor é considerado intermediário por não ter comprometido as cordas vocais, embora esteja localizado muito próximo a elas.
O câncer está em estágio T2, numa escala que vai até T4 e classifica os tumores de acordo com a sua extensão e o grau de comprometimento dos órgãos afetados.
O tratamento pode deixar Lula com "pequena alteração de voz", que os médicos esperam que seja "mínima".
Em cerca de 40 dias, será possível saber se o tumor responde ao tratamento.
Se não responder, hipótese considerada remota pelos médicos, haverá cirurgia, esta sim com sequelas na voz.
Os médicos negaram que a escolha do tratamento tenha sido feita para evitar a cirurgia, que poderia colocar em risco a voz de Lula. "A escolha foi por maior possibilidade de cura, e não conveniência do paciente", disse Hoff.
O oncologista Luiz Kowalski disse que seria muito difícil detectar o tumor de Lula mais cedo, porque os sintomas do câncer na laringe demoram a ser percebidos. Assim que Lula começou a se sentir mais rouco que o normal, fez exames. O câncer foi diagnosticado no sábado.
"Seria impossível ter um diagnóstico mais precoce que esse", disse Artur Katz, outro oncologista da equipe.
Médico pessoal de Lula, o cardiologista Roberto Kalil Filho, chefe da equipe, disse que Lula estava tranquilo.
"Óbvio que, no primeiro momento, houve um choque, uma apreensão, um efeito surpresa", disse. "Mas ele chegou [ontem] de excelente humor, do jeito de sempre, extremamente confiante."
A orientação dos médicos é para que Lula poupe a voz e evite atividades e viagens durante o tratamento, para ficar perto dos médicos.
Amigos e assessores brincavam ontem ser difícil mantê-lo calado, especialmente durante o jogo de seu time, o Corinthians, anteontem.
O oncologista Antônio Carlos Buzaid, do hospital São José, que não integra a equipe que atende Lula, disse que em casos semelhantes ao do ex-presidente é comum aplicar a radioterapia logo no início do tratamento.
Kalil afirma que a realização da quimioterapia antes da radioterapia é a conduta mais eficaz para o tratamento no caso de Lula.


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