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Telegramas são "insignificantes", diz Lula
Presidente afirma que documentos divulgados pela WikiLeaks sobre o Brasil não "merecem ser levados a sério"
Para Nelson Jobim, da Defesa, críticas feitas
a diplomata brasileiro foram "interpretação" do embaixador dos EUA
BRENO COSTA
ENVIADO ESPECIAL A ESTREITO (MA)
LUCAS FERRAZ
DE BRASÍLIA
O presidente Lula minimizou a importância do vazamento de telegramas confidenciais remetidos pela Embaixada dos Estados Unidos
em Brasília e chamou os papéis revelados até aqui de
"insignificantes".
Já o ministro Nelson Jobim
(Defesa), citado em um dos
documentos, foi a primeira
autoridade brasileira a contradizer o que foi relatado pela diplomacia americana.
"De vez em quando aparecem essas coisas. Acho que
coisas que eu vi do Brasil
[nos telegramas vazados pela
organização WikiLeaks] são
tão insignificantes que não
merecem ser levadas a sério", disse Lula, depois de visitar obras da Usina Hidrelétrica Estreito, no Maranhão.
O presidente negou ter receio em relação ao que possa
vir a ser divulgado: "Se fosse
tão sério, [os telegramas] não
teriam vazado".
A Folha publica desde segunda lotes de documentos
vazados pela WikiLeaks.
Num deles, de janeiro de
2008, há no relato do então
embaixador dos EUA em Brasília, Clifford Sobel, uma
menção ao então secretário-geral do Itamaraty, Samuel
Pinheiro Guimarães, hoje ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos.
Sobel documentou que
"Jobim disse que Guimarães
"odeia os EUA" e trabalha para criar problemas na relação
[entre os dois países]."
Lula buscou desacreditar
Sobel, que deixou o posto de
embaixador em 2009, e disse
ter certeza de que Jobim não
falaria mal de Guimarães.
"Não sou obrigado a acreditar num telegrama de um
embaixador americano em
vez de acreditar no meu ministro, ora. Por que eu tenho
que acreditar no americano,
que já nem é mais embaixador aqui?"
TELEFONEMA
O próprio ministro da Defesa tratou de pôr panos
quentes e negou o relato. Em
nota distribuída pelo Ministério da Defesa, Jobim disse
ter ligado para Guimarães e
informado que o colega americano o interpretou errado.
"Se o embaixador disse
que Samuel não gosta dos
EUA, isso é interpretação do
embaixador, não disse isso.
Samuel é meu amigo."
Confirmando o encontro
citado no documento pelo diplomata americano, o ministro ressaltou que tratou Guimarães como "um nacionalista, um homem que ama
profundamente o Brasil".
A Folha tentou falar com
Guimarães por e-mail, mas
ele não respondeu até o fechamento desta edição.
Em Washington, o ministro Celso Amorim (Relações
Exteriores) negou que o Itamaraty seja antiamericano,
mas disse que a Embaixada
dos EUA no Brasil evita lidar
com o órgão porque sabe que
ele é "a primeira linha de defesa da soberania nacional".
XEQUE
Citado em correspondência do consulado dos EUA em
São Paulo, o xeque Yamani
Abdul Nur Muhammad, 33,
da Mesquita Islâmica Muçulmana de Londrina (PR), disse
que não é antiamericano.
O xeque, que nasceu em
Moçambique e está na cidade há sete anos, afirma que,
há dois anos, recebeu a visita
de um agente dos EUA.
"Não fui hipócrita, disse
que gostava do povo americano, disse ainda que Obama, em início de governo, estava sendo mais inteligente
que Bush, ouvindo os povos
do Oriente Médio. Isso não
relataram", afirmou o xeque.
Colaboraram ANDREA MURTA , de
Washington, e JOSÉ MASCHIO , de
Londrina (PR)
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