São Paulo, quarta-feira, 02 de fevereiro de 2011

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Eleito pela 4ª vez, Sarney diz que é exemplo de ética

Peemedebista afirma que ficará na presidência do Senado por um "sacrifício pessoal" e que este é seu último mandato

Vitória folgada, com apoio do Planalto, de aliados e da oposição, ocorre após uma série de denúncias no Senado

GABRIELA GUERREIRO
DE BRASÍLIA

Numa eleição sem surpresas, José Sarney (PMDB-AP), 80, foi eleito ontem para o seu quarto mandato na Presidência do Senado.
Em discurso em seguida, disse que a ética tem sido seu "exemplo de vida inteira".
Depois de responder a uma série de acusações nos últimos dois anos que levaram à maior crise ética da história do Senado, o peemedebista obteve vitória folgada.
Ele recebeu 70 votos, contra 8 do adversário, Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) -estreante no Senado e que lançou candidatura de protesto contra Sarney. Dois senadores votaram em branco, e outro anulou o voto.
Apesar da pequena votação de Randolfe, os 11 votos contrários a Sarney foram recebidos na Casa como uma espécie de "contraponto" à sua candidatura.
Político mais antigo em exercício no Congresso, Sarney teve apoio maciço dos partidos governistas e da oposição, exceto o PSOL.
Nos últimos dois meses, o PMDB costurou o apoio a Sarney com o governo federal, na dobradinha PT-PMDB que marcou a eleição de Dilma Rousseff à Presidência.
Sarney só assumiu oficialmente que entraria na disputa semana passada, depois de negar por inúmeras vezes que seria candidato.
No primeiro discurso após reeleito, reiterou que vai fazer um "sacrifício" ao ficar no cargo por mais dois anos.
"Só a paixão da vida pública me afasta do meu bem-estar social. Avalio a dimensão do sacrifício pessoal que estou fazendo", declarou.
Emocionado, Sarney chegou às lágrimas ao afirmar que este será seu último mandato no Legislativo, onde chegou em 1955.
Em 2009, Sarney respondeu a 11 pedidos de cassação de seu mandato no Conselho de Ética do Senado no escândalo conhecido como dos "atos secretos" -em que a Casa omitiu atos tomados pelo seu comando.
Sem mencionar o escândalo, disse que sua "honrabilidade e conduta pessoal" jamais foram questionadas. "A ética para mim não tem sido só palavras, mas exemplo de vida inteira", afirmou.
Sarney acabou absolvido pelos colegas sem deixar a presidência e deu início ao que chamou de "reforma administrativa" da Casa- que ainda não saiu do papel.
Mesmo com a demora, Sarney fez um balanço de seus feitos ao afirmar que reduziu em 51% os cargos comissionados do Senado e implementou o "Portal da Transparência" na instituição.
Ontem tomaram posse 54 senadores eleitos em outubro. A Casa tem 81 membros, e a maior bancada é a do PMDB, com 20 integrantes, seguido pelo PT (15).


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